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“Isto pode ser um pouco egoísta, mas eu preciso do meu marido, não de uma figura histórica, ao meu lado”, afirmou Olena Zelenska em entrevista à BBC. A primeira dama da Ucrânia falou ao meio britânico sobre como a guerra afetou e afeta a sua família e o país e revela que se prepara para ser anfitriã de uma cimeira sobre saúde mental em Kiev.
Desde o início da invasão russa na Ucrânia, em fevereiro de 2022, Zelenska esteve meses escondida com os filhos em localizações secretas de forma a manter a família protegida enquanto Zelensky dava a cara como o Presidente do país invadido. A primeira dama conta que ao início estava com “uma constante sensação de adrenalina”, mas com o passar do tempo percebeu que era “necessário” acalmar-se e começar a viver com “as condições existentes”.
A autora de guiões tornada primeira dama da Ucrânia refletiu sobre o impacto da guerra na sua família. Revela que, atualmente, a família não vive junta, está separada de Zelensky. “Temos a oportunidade de nos vermos, mas não tão frequentemente como gostaríamos. O meu filho sente a falta do pai.” Já a filha, com 19 anos, sonhava viajar, mas neste momento não tem essa oportunidade. “Magoa-me ver que os meus filhos não planeiam nada.”
O estado de guerra do país, que se prolonga já há um ano e meio, trouxe muitas mudanças. “Há limitações em relação ao que te podes permitir a ti própria, elas existem, e nós de alguma forma tentamos viver com elas.” Apesar da falta que confessou sentir do marido, diz que acredita nele e que Zelensky “realmente tem energia, força de vontade, inspiração e teimosia para atravessar esta guerra”, afirma a primeira dama. “Ele é realmente uma pessoa muito forte e resiliente. E essa resiliência é o que todos precisamos neste momento.”
Desde que deixou de viver escondida, a primeira dama assumiu um papel de destaque e nos últimos meses tem viajado, estado com líderes mundiais e discursado. Vale a pena recordar, por exemplo, que Zelenska esteve em Lisboa na Web Summit, e foi a representante da Ucrânia tanto no funeral da Rainha Isabel II como na coroação de Carlos III. Neste momento, o seu foco está em ajudar os ucranianos a lidar com o impacto da guerra e, por isso, vai ser co-anfitriã de uma cimeira sobre saúde mental e resiliência em Kiev e vai ter a seu lado o britânico Stephen Fry, ator, autor e ativista dos assuntos da saúde mental.
“Eu espero mesmo poder inspirar alguém, poder dar a alguém esperança e conselhos, ou provar com o meu próprio exemplo que nós vivemos, trabalhamos, andamos para a frente”, afirmou a primeira dama. E acrescentou ter esperança na vitória, mas que “esta longa espera, stress constante, tem o seu preço”. Olena Zelenska diz que nunca imaginou “ter este papel nesta altura”, uma vez que ninguém acreditava que no século XXI pudesse haver uma guerra assim em plena Europa.