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O Presidente russo, Vladimir Putin, classificou esta terça-feira os processos judiciais contra Donald Trump, como uma “perseguição com motivação política”, reporta a agência estatal russa Ria Novosti, citada pelo jornal Politico.
Numa intervenção no Fórum Económico Oriental, a decorrer na cidade de Vladivostok, na Rússia, Putin saiu em defesa do ex-presidente dos EUA, que enfrenta uma série de acusações, incluindo conspiração contra os Estados Unidos, posse de documentação classificada ou obstrução de justiça.
“Quanto às acusações a Trump, para nós, no cenário atual, é bom porque mostra quão podre está o sistema político americano”, disse Putin. “Tudo o que está a acontecer com Trump é uma perseguição com motivação política. É isso que é. E está a ser feito em frente dos Estados Unidos e de todo o mundo.”
O chefe de Estado russo acusou ainda Washington de alimentar sentimentos antirrussos entre a população norte-americana. “As autoridades atuais dirigiram a sociedade americana com um espírito antirrusso”, disse, citado pela Associated Press. “Conseguiram-no. Virar este navio na outra direção será muito difícil”, acrescentou.
Segundo Vladimir Putin, as relações da Rússia e os EUA dificilmente vão mudar independentemente de quem for o próximo presidente. “É difícil para nós dizer o que esperar do futuro, independentemente de quem seja o presidnete, mas é improvável que algo mude radicalmente”, afirmou.
Em maio, o antigo Presidente norte-americano disse, numa entrevista, que terminaria a guerra na Ucrânia “em 24 horas” se for reeleito para a Casa Branca em 2024, sem nunca detalhar como o faria. Donald Trump sempre sublinhou a relação de proximidade com Vladimir Putin, chegando mesmo a dizer que ambos “se dão lindamente”, o que facilitaria uma eventual negociação de paz. Trump chegou mesmo a afirmar que a culpa da invasão seria da “incompetência” da administração Biden.
Putin elogiou Musk
Na intervenção desta terça-feira em Vladivostok, o presidente russo quis ainda defender outro norte-americano, Elon Musk. Putin descreveu o dono da rede social X (antigo Twitter) como um “empresário ativo e talentoso” e “uma pessoa extraordinária”. Musk tem estado debaixo de fogo nos últimos dias porque um excerto da sua biografia, que chega esta terça-feira às bancas, revelado pela CNN, conta como o empresário norte-americano terá impedido a ligação da zona costeira da península da Crimeia à internet, através da Starlink. Com o Starlink desligado, a Ucrânia, que planeava lançar um ataque com drones submarinos contra a frota naval russa, não pôde fazê-lo, porque o sistema de comunicações perdeu acesso à internet e os drones submarinos não conseguiam atingir o alvo. O empresário diz que se tivesse permitido a conexão significaria “tornar-se cúmplice da escalada do conflito”.
Putin não pára ataques enquanto Kiev continuar a contraofensiva
Quanto à contraofensiva que a Ucrânia lançou em junho, para tentar recuperar o controlo dos territórios ainda ocupados pela Rússia, Vladimir Putin garantiu que não registou quaisquer progressos e que a Ucrânia já perdeu 71 mil soldados durante a operação. Putin, citado pela Reuters, sublinhou que a Rússia está preparada para enfrentar uma guerra longa na Ucrânia, enquanto rejeitou qualquer tipo de cessar-fogo, disse o presidente russo, seria usado pela Ucrânia “para reabastecer seus recursos e restaurar a capacidade de combate de suas forças armadas”.
A este respeito, Putin disse também, que a Rússia não vai parar os ataques contra a Ucrânia enquanto não Kiev não parar a controfensiva em curso. O presidente russo revelou que vários mediadores internacionais lhe pediram para parar as hostilidades, mas Putin contrapõe com o facto de a Ucrânia estar a atacar as posições russas. “Como podemos parar as hostilidades se o outro lado está a conduzir uma contraofensiva?”, questionou o presidente russo, citado pela agência TASS.
Vladimir Putin quer que Kiev levante a proibição de negociações que está inscrita na lei ucraniana e que Kiev mostre disponibilidade para iniciar negociações de paz. “Depois, logo vemos”, concluiu o líder russo.
Reino Unido treinou “sabotadores” para atingirem uma central nuclear russa, garantiu Putin
Em Vladivostok, Putin acusou também o “Reino Unido de provocar a Rússia a lançar um ataque contra uma central nuclear ucraniana”. O presidente russo garantiu que há “sabotadores” ucranianos, treinados pelo Reino Unido, a preparar-se para atacar uma central nuclear na Rússia. Putin adiantou que esses “sabotadores” foram já detidos pelo Serviço de Segurança russo, o FSB, antes de conseguirem levar a cabo o plano. Mais tarde, admitiram durante o interrogatório que tinham sido treinados por instrutores britânicos, disse Putin. “Estarão a tentar provocar-nos para que retaliemos contra centrias nucleares ucranianos”, questionou-se o presidente russo, citado pelo The Telegraph.
O chefe de Estado russo ameaçou o Reino Unido de “consequências sérias” e disse que o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, “não compreende” os riscos, conforme salienta o Daily Mail. Putin admitiu mesmo que as suas palavras podem ser interpretadas como “chantagem nuclear”.
“Será que a liderança britânica, ou o primeiro-ministro [do Reino Unido, Rishi Sunak], sabem o que os serviços especiais estão envolvidos na Ucrânia? Ou não têm a menor ideia? Suponho que isso também seja possível. Suponho que seja possível que os serviços especiais britânicos atuem sob as ordens dos americanos. De qualquer forma, conhecemos o beneficiário final”, realçou. “Este tipo de coisas são muito preocupantes, porque eles [o Reino Unido] não sentem o terreno – o que pode levar a sérias consequências”, ameaçou Putin.
Putin criticou decisão da União Soviética de enviar tanques para a Checoslováquia e Hungria
Questionado sobre a perceção de que a Rússia possa ser considerada uma potência colonial por causa do envio de tanques e tropas para a Hungria e a Checoslováquia (em 1956 e 1968, respetivamente), de modo a acabar com os protestos durante a Guerra Fria, Vladimir Putin criticou a decisão da União Soviética. “Foi um erro”, admitiu o presidente russo, acrescentando que “não é correto fazer nada na política externa que prejudique os interesses de outros povos”. Putin, citado pela Reuters, afirmou que os Estados Unidos estão hoje a cometer os mesmos erros que a União Soviética.