“Barbitness”. Este era o fenómeno que o Kremlin queria evitar. A Rússia não desejava um confronto entre o filme mais visto do ano e “The Witness”, a primeira produção acerca da guerra na Ucrânia, usada como propaganda pró-russa. Mas foi isso que teve. E o resultado acabou por não ser muito diferente daquele que aconteceu no resto do mundo, o filme da boneca da Mattel ganhou o duelo com “Oppenheimer”.
Após ter sofrido o embargo da estreia de “Barbie”, uma das sanções do Ocidente por causa da invasão à Ucrânia, o Kremlin decidiu não acolher o filme “feminista” nas suas salas de cinema. A população russas ainda pediu que fossem autorizadas versões pirateadas do filme, de forma a contornar as empresas de distribuição norte-americanas, mas o parlamento não aceitou. Em causa, estava a alegada violação dos “valores espirituais e morais” da Rússia tradicional.
Ainda assim, o mundo repleto de saltos altos e de direitos feministas acabou por chegar à Rússia. Os cinemas da capital, Moscovo, acabaram por exibi-lo com o nome “Speed Dates”, tendo também o filme “Oppenheimer” mudado para “Dubak”, conforme avança o site de notícias russo Zen.
E não só foi um imediato sucesso de bilheteiras, como apagou por completo o filme da propaganda do Kremlin, que, desde a sua estreia, tem tido as salas vazias, como avançou o The Guardian.
“Vamos!”, disse, esta quinta-feira, a empresa que lançou o filme de Greta Gerwig em alguns cinemas, que não se opuseram a contrariar as ordens do Kremlin. “A partir de hoje, o filme do ano é dobrado [em russo]”, citou o jornal The Telegraph.
O filme está em exibição há cerca de duas semanas e já é o favorito dos russos, que preferem ver Margot Robbie a aventurar-se pelo mundo real, do que o violinista judeu da Bélgica, que é preso em Kiev e vê o seu chefe ser violado e assassinado pelos soldados ucranianos, que marcham com o livro de Mein Kampf, escrito por Adolf Hitler.