As autoridades judiciais da Líbia anunciaram que vão abrir uma investigação por negligência ao colapso de duas barragens que contribuíram para as cheias que já mataram mais de 11 mil pessoas na cidade de Derna — com as estimativas a apontarem que o número de mortes pode ascender às 20 mil.
Número de mortos após as inundações da Líbia sobe para 11.300
O procurador-geral Al-Sediq al-Sour anunciou aos jornalistas presentes no local que a investigação vai analisar as ações das autoridades locais e governos, bem como o uso de fundos para manutenção de infraestruturas, segundo a Associated Press.
“Asseguro aos cidadãos que quem quer que tenha cometido erros ou tenha praticado alguma forma de negligência será abrangido por medidas firmes dos procuradores, como a abertura de um caso judicial e julgamento”, afirmou Al-Sour na noite desta sexta-feira.
Não é claro, porém, como irá esta investigação decorrer num país que tem atualmente dois auto-proclamados governos, desde que o país entrou em colapso com a queda de Muhammar Khadaffi. Os dois executivos estão sediados em diferentes partes do país e são apoiados por diferentes milícias e grupos armados. A cidade de Derna é atualmente controlada pelo Exército de Libertação da Líbia, do general Khalifa Haftar.
De qualquer forma, a investigação anunciada pelo procurador irá focar-se na manutenção das duas barragens, construídas na década de 1970, cuja manutenção seria assegurada por fundos no valor de oito milhões de dólares atribuídos a uma empresa turca, durante o tempo de Khadaffi — mas cuja aplicação foi interrompida quando o regime caiu.
Terá havido várias tentativas para assegurar a manutenção destas duas infraestruturas entretanto, nomeadamente o contributo de dois milhões de dólares por parte do governo norte-americano em 2012 e 2013.
O procurador anunciou ainda que uma equipa de 26 procuradores irá agora para a cidade de Derna para fazer o levantamento da identidade das vítimas e causas da sua morte. Al-Sour apelou aos residentes com familiares desaparecidos que contactem a equipa: “Pedimos aos cidadãos que cooperem e venham rapidamente à sede do comité para que possamos terminar o trabalho o mais rapidamente possível”, disse.