O advogado angolano Zola Bambi confirmou esta segunda-feira a detenção de sete ativistas, na sequência de uma tentativa de manifestação, sábado, em Luanda, acusados dos crimes de injúria e ultraje ao Presidente da República.
Segundo Zola Bambi, os manifestantes encontram-se detidos desde sábado no Serviço de Investigação Criminal (SIC) e já foram ouvidos, mas não foi possível o processo seguir para o juiz de garantia para se determinar a questão da situação carcerária.
“Estão a ser indiciados do crime de injúria ao Presidente da República, e continuam detidos porque já ultrapassa a competência do SIC, porque já estão lá desde sábado, e por norma tem que ser um juiz de garantia a definir, o que será feito amanhã de manhã”, disse Zola Bambi, em declarações à agência Lusa.
Zola Bambi salientou que entre os ativistas detidos no sábado, dia para o qual fora convocado um protesto contra as restrições à circulação dos mototaxistas na capital angolana, constava Geraldo Dala, ao qual terá sido permitida a saída para comprar água, não tendo regressado.
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O advogado disse que falou com os seus constituintes, ainda nas celas, e que um dos ativistas, Adolfo Campos, contou que supostamente terá sofrido agressões, “porque tentaram obrigá-lo a declarar coisas que era do interesse das pessoas que estavam na sala para onde foi levado”. “Foi ameaçado com pistola e foi forçado a assinar declarações, mas negou-se simplesmente a assinar. Essa foi uma das questões que ele levantou logo a princípio”, referiu.
Em declarações à Lusa, o ativista Geraldo Dala disse que se encontra em casa, frisando que os seus colegas desde sábado “não comem absolutamente nada”.
Geraldo Dala precisou que estão detidos Tanaice Neutro, Jonas Pensador, Adolfo Campos, Gildo das Ruas e outras duas pessoas que não soube precisar os nomes.
Nessa altura eles criaram um argumento, que estão à procura dos ativistas que ofenderam o Presidente [da República]. Sim, pela forma como nos colocaram ali naquele carro e fomos torturados, nós tínhamos de desabafar o que é que estávamos a sentir”, realçou.
“Dentro da viatura, depois de nos torturarem, nós fizemos vídeo a falarem de quase tudo o que aconteceu connosco. Então eles é que sabem o que é que vão fazer. Eu estou em casa nesse momento, se eles vierem à minha busca que venham. Eu só saio de casa quando o nosso advogado disser que tenho que sair”, acrescentou Geraldo Dala.
A manifestação foi organizada em protesto contra a decisão de restringir a circulação de mototaxistas nas principais vias de Luanda, capital de Angola, mas não contou com as principais organizações representativas da classe.
As autoridades de Luanda justificam a medida devido ao elevado número de acidentes e mortes em que estão envolvidos mototáxis, mas suspenderam a proibição por três meses, enquanto decorrem encontros de sensibilização com os representantes da classe.