O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), disse esta terça-feira que está a testar novas ciclovias na cidade, inclusive na zona do Rossio, o que para o partido Livre “não é um teste a sério”.

Estamos a testar novas ciclovias, não estamos a impor“, afirmou o social-democrata, na reunião da Assembleia Municipal de Lisboa, em que apresentou o trabalho do executivo municipal no último trimestre, entre junho e agosto, tendo aproveitado para fazer um balanço dos dois anos de mandato.

Falando sobre a ciclovia que está a ser testada na zona do Rossio, Carlos Moedas afirmou que a mobilidade continuará a ser uma prioridade deste executivo municipal e criticou que “muitos em que a ideologia os cega conseguiram dizer mal desse teste de uma ciclovia“.

Do grupo municipal do Livre, Isabel Mendes Lopes reforçou que “Lisboa tem um problema sério de qualidade no ar“, em particular na Avenida da Liberdade, onde o sentido de trânsito nas laterais foi reposto, considerando “esta reversão um retrocesso”.

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A deputada do Livre defendeu a necessidade de se avançar com a implementação de uma Zona de Emissões Reduzidas (ZER) e propôs a criação de “uma ciclovia segregada e segura a ligar o eixo central diretamente à baixa da cidade“.

Sobre o teste de uma ciclovia de 300 metros no Rossio, Isabel Mendes Lopes referiu que está “isolada, com piso em paralelos, em sentido contrário ao trânsito automóvel”, considerando que “isto não é um teste a sério, não é assim que se faz”.

Em resposta, Carlos Moedas criticou o “ataque em relação àquilo que é um projeto de mobilidade para a cidade”, revelando que está a planear “mais de 19 ciclovias“, através de uma auditoria séria, questionando se “só é a sério se for o Livre a fazer”.

Atacar só porque fomos nós que fizemos é muito triste”, lamentou o social-democrata.

Com o pelouro da mobilidade, o vice-presidente da Câmara de Lisboa, Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP), lembrou que a decisão de repor o sentido de trânsito nas laterais da Avenida da Liberdade foi tomada no anterior mandato e questionou “se entupir o trânsito é bom para o ambiente“, referindo que a alteração permite ter faixas continuas e a ligação entre o Marquês de Pombal e o rio Tejo por via ciclável.

Depois destes esclarecimentos, Isabel Mendes Lopes pediu para que “as coisas sejam bem feitas à partida” e reforçou que a Avenida da Liberdade tem espaço para ter uma ciclovia segregada.

Antes desta discussão, o deputado do PS Miguel Belo Marques fez uma intervenção sobre a Semana Europeia da Mobilidade, que se assinala desde 2002, anualmente, de 16 a 22 de setembro, alertando que Lisboa é “a única capital europeia sem plano de mobilidade”, apesar de integrar o programa da União Europeia “Missão 100 cidades com impacto neutro no clima e inteligentes até 2030“.

Ora 2030 é daqui a pouco mais de seis anos e não se vê de que forma Lisboa poderá atingir as metas com que se comprometeu face à inação a que vamos assistindo e às opções contrárias que vêm sendo tomadas”, apontou o socialista.

Entre as opções está a decisão de repor o sentido de trânsito na Avenida da Liberdade, via que “ultrapassa com frequência os limites máximos de poluição exigidos pela legislação nacional“, o que para o PS se trata de “insistir em facilitar a circulação do tráfego motorizado”.

Apesar de considerar que a Avenida da Liberdade necessita de melhorias, o PS afirmou que “desde o momento que se impediu o tráfego de atravessamento nas laterais notou-se um consequente aumento da fruição nas zonas pedonais adjacentes às laterais, incluindo a implementação de quiosques e esplanadas”, pelo que as recentes alterações “levarão a que a situação se agrave”.

Outra das críticas apontadas pelo deputado do PS é que “a Câmara de Lisboa não tem investido grandemente na utilização da bicicleta“.

Em outubro de 2020, a Câmara de Lisboa, então liderada por Fernando Medina (PS), aprovou uma proposta da vereadora Teresa Leal Coelho (PSD) para a reposição dos sentidos de circulação dos corredores laterais da Avenida da Liberdade.