O Tribunal de Santa Maria da Feira começou esta quarta-feira a julgar um homem, de 40 anos, suspeito de ter burlado várias pessoas num esquema relacionado com uma banca comunitária para apostas desportivas.

O arguido, residente em Oliveira de Azeméis, no distrito de Aveiro, que não compareceu ao início do julgamento por motivos de doença, está pronunciado pela prática de um crime de burla qualificada.

Segundo a acusação do Ministério Público (MP), os factos ocorreram em 2014, quando o arguido se fez passar por um “trader desportivo” (investidor no mercado de apostas) convencendo várias pessoas a entregarem-lhe dinheiro para aplicar em sites de apostas desportivas, prometendo um elevado retorno financeiro.

No entanto, de acordo com a investigação, o arguido nunca terá tido a intenção de devolver qualquer quantia aos apostadores.

Na primeira sessão do julgamento, foram ouvidos vários lesados que disseram ter entregado ao arguido diversas quantias monetárias com a garantia de obter ganhos mensais entre os 30 e 40%, tendo acabado por perder parte do capital investido.

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Uma das testemunhas disse ter conhecido o arguido num grupo de apostadores, nas redes sociais, afirmando que ele era “extremamente conhecido”, porque “participava em formações sobre trading desportivo em ténis”.

Contou ainda que o arguido tinha dois programas informáticos (bot‘s) que faziam apostas automáticas em ténis e cavalos sem necessidade de intervenção humana, e tinha “muita confiança nele”.

“Ele era bom no que fazia”, afirmou, adiantando que o arguido colocava prints nas redes sociais com os lucros obtidos.

Em 2014, o arguido terá referido a alguns apostadores que iria começar a aceitar investimentos, entre 500 euros e 30 mil euros, garantindo um lucro de 40% do dinheiro investido no espaço de um a dois meses, afirmando que nunca haveria risco para os apostadores.

“Podia haver apostas perdidas, mas ele prometia que o bot mensalmente iria sempre gerar lucro”, explicou.

Inicialmente, este apostador entregou ao arguido cinco mil euros, tendo recebido no mesmo dia sete mil euros. Posteriormente, fez mais algumas entregas em dinheiro, que também resultaram em ganhos financeiros. A 22 de setembro e 2 de outubro voltou a entregar 15 mil euros, mas desta vez não recebeu nada, ficando com um prejuízo de 10.500 euros.

“O castelo começou a cair e a justificação que deu foi vaga. Começou a culpar outras pessoas que trabalhavam com ele, que tinham programado mal os bot’s, e disse que iria reembolsar todas as pessoas, mas acabou por dizer que perdeu tudo”, referiu.

Uma outra testemunha contou que investiu no total 55 mil euros, tendo recebido de volta cerca de 40 mil euros. Três dos lesados formularam pedidos de indemnização cível contra o arguido reclamando um valor superior a 35 mil euros.