A plataforma Casa para Viver negou esta terça-feira “que alguma vez tenha convidado o Chega a participar na manifestação de 30 de setembro”, que juntou, em Lisboa, milhares de pessoas em defesa da habitação e da justiça climática.
Esta foi a reação da plataforma — que agrega mais de uma centena de associações e coletivos em todo o país — às declarações feitas esta terça-feira pelo líder do Chega, na Assembleia da República, de que a plataforma que organizou a manifestação tinha convidado o grupo parlamentar para estar presente na manifestação.
André Ventura respondeu assim às declarações do presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, depois de este ter sugerido que a presença de deputados do Chega na manifestação em defesa da habitação foi um “ato de provocação”.
No sábado, uma comitiva do Chega que incluía três deputados do partido – Rui Paulo Sousa, Filipe Melo e Jorge Galveias – foi escoltada pela Polícia de Segurança Pública para fora do local onde estava a decorrer a manifestação, após protestos de participantes.
A esse propósito, no início da sessão plenária desta terça-feira, o líder do Chega pediu a palavra para acusar Augusto Santos Silva de não ter tido “uma única palavra de condenação para atos que, em qualquer outro país, com quaisquer outros deputados, mereceriam uma condenação clara”.
Em resposta, Santos Silva considerou que “a violência é sempre condenável” e, num regime democrático, “é ilegal”, mas ressalvou que, “para que a convivência democrática se possa estabelecer e decorrer com a normalidade que a Constituição e a lei requerem”, é também necessário que não haja “atos de provocação”.
Em reação, o grupo parlamentar do Chega abandonou em bloco o hemiciclo, mas não sem antes o líder do Chega voltar a pedir a palavra para recusar que tenha sido uma provocação e afirmar que os deputados do Chega foram convidados pela plataforma que organizou a manifestação.
Em declarações à Lusa, a coordenação da Casa para Viver disse que não fez quaisquer convites para a manifestação, sublinhando que a “recusa do racismo e da xenofobia” é parte integrante do seu manifesto, no qual sublinha que “todas as pessoas que vivem e trabalham em Portugal têm direito a uma habitação digna”, princípio sobre o qual “o Chega se tem manifestado contra repetidamente”.
A plataforma considera que as declarações de André Ventura “são a continuidade da provocação montada durante a manifestação”.
Sob o lema “Casa para viver, Planeta para habitar”, dezenas de milhares de pessoas saíram às ruas, no sábado, em 24 cidades do país: Alcácer do Sal, Aveiro, Barreiro, Beja, Braga, Coimbra, Covilhã, Évora, Faro, Funchal, Guarda, Guimarães, Lagos, Leiria, Lisboa, Nazaré, Portalegre, Portimão, Porto, Samora Correia, Tavira, Torres Novas, Vila Real e Viseu.