Depois de o Mundial de 2022, no Qatar, ter concentrado oito estádios em poucas centenas de metros quadrados, espera-se que, em 2030, a prova abranja uma área territorial nunca antes vista. A FIFA incluiu a América do Sul na candidatura de Portugal, Espanha e Marrocos para que os 100 anos desde o início da competição fossem assinalados com três jogos no Uruguai, Argentina e Paraguai. Esta é a terceira vez que o Mundial vai ser distribuído por mais do que um país. A primeira vez que tal se verificou foi em 2002, quando a Coreia do Sul e o Japão organizaram em conjunto o torneio, e a segunda vai acontecer em 2026 quando Canadá, EUA e México receberem a competição.

Um formato inovador que agrada a todos: Portugal, Espanha e Marrocos organizam Mundial de 2030 que começa na América do Sul

A razão pelo qual o Mundial se vai “partir aos pedaços” remete para a primeira edição do torneio que se realizou em 1930 no Uruguai. “O Conselho da FIFA, representando todo o mundo do futebol, aprovou por unanimidade comemorar o centenário do Mundial, cuja primeira edição foi disputada no Uruguai em 1930, da forma mais adequada. Como resultado, vai acontecer uma celebração na América do Sul, em três países sul-americanos – Uruguai, Argentina e Paraguai. A primeira dessas três partidas será, obviamente, disputada no estádio onde tudo começou, no mítico Estádio Centenário de Montevideu, justamente para comemorar a edição centenária do Mundial”, lê-se no comunicado da FIFA.

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A edição inaugural foi uma espécie de arma diplomática arquitetada pelo então presidente da FIFA, Jules Rimet. A Primeira Guerra Mundial deixou um o panorama geopolítico imerso num clima de suspeição e o plano orquestrado era usar o futebol como forma de colar os cacos. A lógica não foge muito à que Gianni Infantino, atual líder da FIFA, usou para justificar um Mundial tão distribuído. “Num mundo dividido, a FIFA e o futebol estão a uni-lo”, referiu no comunicado que explicou os moldes do Mundial 2030.

A ideia do dirigente francês, que tomou posse em 1921, tinha por base o sucesso do torneio olímpico de 1924, onde competiram 24 equipas. Inicialmente, não foi fácil reunir os apoios necessários para avançar com o projeto, existindo uma forte resistência por parte da Federação Inglesa que acabou por não participar. Na hora de decidir quem recebia a competição a sorte acabou por sorrir ao Uruguai, país bicampeão olímpico e que se ofereceu para pagar as despesas com viagens inerentes à deslocação das seleções.

Na fase inicial do Mundial 1930, as 13 equipas convidadas ficaram divididas por quatro grupos. No grupo 1 estiveram Argentina, Chile, França e México. O grupo 2 foi composto por Jugoslávia, Brasil e Bolívia. Já no grupo 3 marcaram presença Uruguai, Roménia e Peru. No grupo 4, Estados Unidos, Paraguai e Bélgica lutaram por um lugar nas meias-finais. O torneio foi ganho pelo Uruguai que bateu a Argentina na final por 4-2. Todos os jogos foram disputados em três estádios concentrados na mesma cidade.

2030 vai ser o ano em que o Mundial passa pela quinta vez na América do Sul. Depois da edição inaugural, seguiu-se o Brasil (1950 e 2014), Chile (1962) e Argentina (1978).