A Justiça iraniana condenou o advogado de Mahsa Amini, cujo assassínio pela polícia da moralidade desencadeou um enorme movimento de contestação em 2022, a um ano de prisão por “propaganda” contra o Estado, noticiou esta terça-feira um jornal local.

O meu cliente Saleh Nikbakht foi infelizmente condenado à pena máxima, um ano de prisão, por atividades de propaganda contra o sistema”, indicou o seu advogado, Ali Rezai, citado pelo diário Ham Mihan no seu site da Internet.

Nikbakht era, mais precisamente, o advogado dos pais de Mahsa Amini, uma jovem curda iraniana de 22 anos que morreu a 16 de setembro de 2022 num hospital de Teerão, para onde foi transportada já em coma três dias antes, depois de detida e espancada pela polícia da moralidade da República Islâmica por ter infringido o rígido código de vestuário imposto às mulheres: levava a cabeça coberta com o hijab (véu islâmico), mas tinha uma madeixa de cabelo à vista.

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No final de agosto, Rezai tinha anunciado o início, na capital iraniana, do julgamento do seu cliente “por ter falado com meios de comunicação social estrangeiros e locais sobre o caso de Mahsa Amini”.

Saleh Nikbakht tinha indicado no fim de setembro de 2022 que a família Amini apresentara queixa contra os polícias que tinham detido a filha.

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Originário da província do Curdistão (oeste), o advogado representou, durante a sua longa carreira, muitas figuras públicas iranianas, como o cineasta Jafar Panahi, libertado sob fiança em fevereiro, após sete meses de prisão.

É surpreendente a imposição da pena máxima a Nikbakht, que tem 73 anos”, lamentou esta terça-feira a sua defesa, afirmando esperar que o veredicto seja “anulado no decurso das próximas fases” judiciais.

Centenas de pessoas, incluindo membros das forças de segurança, foram mortas durante manifestações no final de 2022 no Irão. Milhares de manifestantes foram também detidos, acusados pelas autoridades de participar em “motins” fomentados pelos países ocidentais.