Betty Scalf tinha apenas 47 anos quando encontrou a sua filha, Teresa Lee, morta em casa, com múltiplos cortes no pescoço. Na altura, ligou para o 911 — linha de emergência norte-americana — e acompanhou de perto as autoridades durante a investigação para descobrir quem a tinha assassinado. Mas a resposta só veio 37 anos depois.
“Tenho 84 anos e vivi para ver isto acontecer”, disse, numa conferência de imprensa da Polk County Sheriff’s Office, esta segunda-feira. “Aliás, acho que foi por isso que vivi tanto tempo”, acredita.
A 27 de outubro de 1986, Teresa Lee Scalf, uma enfermeira de 29 anos, foi encontrada sem vida, em casa, na cidade de Lakeland, na Flórida (EUA). Além do pescoço gravemente ferido, os investigadores perceberam que o ataque tinha tido “motivações sexuais”, conforme relata a CBS News.
As autoridades examinaram o local do crime e acabaram por recolher uma amostra de sangue que não correspondia ao da enfermeira, que deixou um filho de oito anos para trás. A prova foi então submetida na base de dados de ADN fundada pelo FBI, Combined DNA Index System, mas nunca teve qualquer correspondência. Até agora.
O nome Donald Douglas chegou a constar dos registos dos detetives, mas a sua relevância foi pouca. Como vizinho de Teresa Lee Scalf, foi interrogado para perceber o que sabia do caso, mas concluiu-se rapidamente de que “não havia provas de alguma ligação ao homicídio”. O seu ADN também nunca chegou a entrar na base de dados, por não ter passado criminal.
Já em 2022, quando uma esquadra policial decidiu colaborar com o laboratório Othram, Inc., especializado na análise genética em casos arquivados, o nome Douglas voltou a surgir na investigação. Mas, desta vez, apenas como apelido.
Quase 37 anos depois, os investigadores voltaram a pegar no caso e a tentar ligar a amostra de ADN a “familiares distantes de um suspeito desconhecido”. Interrogaram vários, inclusivamente um dos filhos do vizinho da enfermeira. E isso acabou por levá-los a resolver o mistério do assassinato.
Após recolherem uma amostra de sangue do filho e de o compararem com a encontrada no local do crime, perceberam que tinha sido Donald Douglas a cometer o homicídio de Teresa Lee. “O ADN indicava uma relação biológica entre pai e filho”, declararam as autoridades.
Apesar de Douglas ter morrido em 2008, aos 54 anos, de “causas naturais”, as autoridades não deixam de estar “extremamente agradecidas pela colaboração do Othram, Inc., que forneceu as pistas e provas genéticas em falta para levar esta investigação a bom porto”, assegurou o Xerife Grady Judd, na mesma conferência de imprensa.
Com a sua ajuda, os nossos detetives foram capazes de chegar a uma árvore genealógica que os conduziu até à identidade do assassino de Teresa Scalf. Quero agradecer ao filho do Sr. Douglas, que foi cooperativo e esteve sempre disposto a ajudar-nos. Conseguimos ajudar a trazer o tão esperado encerramento à família devastada de Teresa Scalf”, disse.
“A Teresa era uma pessoa maravilhosa e a mais amorosa. Ela não merecia isto. A nossa família não merecia isto”, disse a irmã Pam Scalf, na conferência de imprensa, acrescentando que toda a família tem empregos na área da saúde por causa da enfermeira.