André Pardal, ex-deputado do PSD e conselheiro nacional do partido, defende que as próximas eleições europeias “são fundamentais” para os sociais-democratas e que haverá tempo para avaliar os dois anos de mandato de Luís Montenegro. “O PSD terá oportunidade de debater o sucesso ou insucesso destes dois anos de mandato. E mal seria se não debatesse resultados eleitorais. Seria de um grande grau de hipocrisia desvalorizarmos europeias.”

Em entrevista ao Observador, no programa “Direto ao Assunto”, Pardal, que assina com outros 12 conselheiros uma proposta para instituir as eleições primárias como método para escolher as futuras lideranças do PSD, evita entrar em debates sobre a continuidade de Montenegro e um eventual mau resultado nas próximas eleições europeias, agendadas para junho de 2024. Ainda assim, o social-democrata deixa um aviso: “Não se poderá fazer ouvidos moucos às eleições fora do PSD”.

[Ouça aqui o Direto ao Assunto com André Pardal]

PSD. “Não é o embrião de candidatura, é um repto”

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Quanto a um eventual regresso de Pedro Passos Coelho a confirmar-se essa possível derrota nas eleições europeias, André Pardal não deixa de recordar que os militantes do partido “nutrem carinho” pelo antigo primeiro-ministro e reconhecem-lhe “várias qualidades”. Mas, salvaguarda, o PSD não pode estar fechado numa única escolha. “Não sei se Pedro Passos Coelho estará disponível, nem sei será a única possibilidade. Se for a única, mal será do PSD”, nota.

De resto, André Pardal recusa taxativamente que este grupo de 13 conselheiros se tenha unido com outro propósito que não o de alimentar e estimular o debate interno. “O que move esta tomada de posição não são disputas de liderança, nem eleições europeias. O país tem-se distanciado do PSD. E esta proposta permitiria essa aproximação, alargando o leque de potenciais candidatos, mas permitira também dar importância ao Congresso”, argumenta. “O PSD, mais do que discutir lideranças, tem problemas estruturais. E um deles é a forma como se relaciona com os portugueses.”

Na prática, este grupo de conselheiros entende vem propor “que a eleição do presidente do PSD decorra através de eleições primárias, abertas a cidadãos e militantes, decorrendo a votação em simultâneo com a realização do Congresso”. Ao Observador, espera que a direção acolha o repto de discutir esta proposta e que não transforme a próxima reunião magna do partido — agendada para 25 de novembro — num simulacro de debate interno. “Espero que PSD saiba debater e alterar a sua relação com os portugueses.”