O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) desmantelou uma organização criminosa que atuava na zona do Martim Moniz, em Lisboa, dedicada aos crimes de auxílio à imigração ilegal e falsificação de documentos, anunciou esta sexta-feira a força policial.
O SEF adianta, em comunicado, que a operação, que decorreu na quinta-feira, visou desmantelar um grupo criminoso que usava “um esquema fraudulento para emissão de autorizações de residência a cidadãos estrangeiros, maioritariamente nacionais do Bangladesh”.
Segundo o SEF, o suspeito agora detido, “através de uma empresa criada para o efeito, na Rua do Benformoso, na zona do Martim Moniz, vendia um conjunto de documentos falsos, nomeadamente contratos de trabalho e atestados de residência que, juntamente com a inscrição na Segurança Social e nas Finanças (obtenção de NIF), também providenciados pela organização, eram depois carregados na plataforma SAPA/SEF para apresentação de Manifestação de Interesse, ao abrigo da Lei de Estrangeiros”.
“A troco de 500 euros, os cidadãos estrangeiros tinham acesso a um conjunto de balcões de atendimento, onde obtinham um ‘pacote’ de documentos que atestavam relações laborais e residências fictícias e que permitia aos clientes desta rede a obtenção de autorização de residência portuguesa, abrindo-lhes, assim, a porta a todo o espaço Schengen, objetivo último de parte significativa destes imigrantes ilegais que utilizam Portugal como porta de entrada na Europa”, explica o SEF.
No âmbito desta operação, denominada “Tempo Certo”, participaram 10 inspetores do SEF e “foi apreendido muito material informático e documental”.
Esta pode ser uma das últimas operações do atual SEF, uma vez que, por decisão governamental, as competências daquele organismo vão ser transferidas para sete organismos, passando as policiais para a PSP, GNR e PJ, enquanto as funções em matéria administrativa relacionadas com os cidadãos estrangeiros vão para a nova agência e Instituto de Registo e Notariado (IRN), sendo ainda criada a Unidade de Coordenação de Fronteiras e Estrangeiros, que vai funcionar sob a alçada do secretário-geral do Sistema de Segurança Interna, além de alguns inspetores serem também transferidos para a Autoridade Tributária.
Segundo uma apresentação feita esta sexta-feira pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, que vai ser extinto no próximo domingo, são 292.000 as manifestações de interesse formalizadas junto do SEF por cidadãos estrangeiros para obtenção de uma autorização de residência em Portugal, sendo um pedido feito através da plataforma eletrónica do Sistema Automático de Pré-Agendamento (SAPA).