Um grupo de 30 estudantes da Universidade de Columbia, em Nova Iorque, abandonou uma aula da ex-senadora e candidata presidencial norte-americana Hillary Clinton, numa ação de protesto contra alegadas pressões sofridas por alunos que participaram, nos últimos dias, em demonstrações pró-Palestina e contra os ataques de Israel a Gaza.
Os manifestantes integravam um grupo de cerca de 300 pessoas, reunidas no auditório para uma aula no Edifício de Negócios Estrangeiros, lecionada por Clinton e pela reitora da Escola de Diplomacia e Negócios Estrangeiros (SIPA) de Columbia, Keren Yarhi-Milo, sobre o envolvimento das mulheres nas negociações de paz de conflitos internacionais.
De acordo com o New York Times, em causa está um incidente ocorrido na semana passada, quando vários estudantes pró-palestinianos foram acusados de antissemitismo e viram as suas fotografias divulgadas publicamente em ecrãs no campus universitário.
Os alunos visados tinham assinado uma petição, após os ataques do Hamas a 7 de outubro, manifestando a sua solidariedade para com a Palestina e defendendo que “o peso da responsabilidade pela guerra e pelas baixas está, sem dúvida, do lado do governo extremista israelita”.
As imagens divulgadas – que vinham acompanhadas da frase “os maiores antissemistas de Columbia” – estariam, alegadamente, numa plataforma online “privada e segura”, acessível apenas a alunos da SIPA, de acordo com os manifestantes.
O protesto desta quinta-feira apontava por isso o dedo à inação e conivência da instituição de ensino ao ter permitido a divulgação das imagens e consequente violação de privacidade. A manifestação exigia “apoio legal imediato aos estudantes afetados”, bem como um compromisso de Columbia para com “a segurança, bem estar e privacidade” do corpo estudantil.
Não sendo diretamente visada, Hillary Clinton (que integrou este ano o corpo docente da universidade, onde também dirige o recém-criado Instituto de Política Global) tem sido um dos mais visíveis rostos políticos nos EUA no apoio à guerra de Israel em Gaza. Foi já na última semana, por exemplo, que a antiga secretária de Estado criticou, numa outra palestra, aqueles que defendem um cessar-fogo, afirmando que estes “não entendem o Hamas”.
Os cerca de 30 manifestantes , muito dos quais usando máscaras, abandonaram a aula e juntaram-se depois a um outro grupo, que protestava em frente ao edifício onde esta decorria. Os estudantes esperavam confrontar Clinton e a reitora da escola após o final da sessão; no entanto, tal não veio a acontecer, com as docentes a abandonarem o edifício por uma porta lateral para evitar a confusão.
Num comunicado enviado ao jornal The Guardian, um porta-voz da Universidade de Columbia disse que a instituição tomou conhecimento do incidente e estava “preocupada” com a divulgação das fotografias dos alunos pró-palestinianos. “A principal prioridade da universidade é a segurança e privacidade dos seus estudantes e da comunidade. A universidade e a SIPA levam muito a sério esta responsabilidade – responsabilidade essa que inclui denunciar instâncias de doxxing e intimidação como sendo inaceitáveis”, refere o comunicado.
Fonte da universidade referiu ainda que Yarhi-Milo conversou com alguns alunos depois da aula e manifestou a sua solidariedade. O protesto ocorreu um dia depois de a universidade ter anunciado a criação de uma task-force de combate ao doxxing e proteção da privacidade do corpo estudantil. Clinton abandonou o campus depois da aula e, até ao momento, não se pronunciou sobre o incidente.