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Corria o ano de 1942 e o medo dos judeus parisienses vinha na forma de uma Estrela de David colocada propositadamente no lado esquerdo do casaco. A utilização do símbolo religioso como forma de identificar a comunidade judaica durante a Segunda Guerra Mundial era algo que os franceses gostariam que ficasse apenas nos livros de história. Mas, nos últimos dez dias, foram confrontados com a mesma nas fachadas de vários edifícios da capital.
Desde que o conflito entre o Hamas e Israel começou, a 7 de outubro, as autoridades francesas já registaram 857 graffitis e outras formas de protesto no seu território, como revelou o ministro do Interior, Gérald Darmanin, esta terça-feira, citado pelo The Guardian. Começou com frases do género “Palestina vai vencer” e evoluiu para mais de 250 Estrelas de David espalhadas pela região de Paris.
As primeiras 60 foram descobertas a 31 de outubro, no 14.º distrito de Paris. Já as restantes 90 apareceram em imobiliárias e outros prédios de subúrbios da capital, como Vanves, Fontenay-aux-Roses e Aubervilliers. Tal motivou as autoridades a abrirem uma investigação por uma possível ameaça antissemita. Dois casais foram identificados, tendo sido detido um com nacionalidade moldava.
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Logo na terça-feira, a procuradora de Paris, Laure Beccuau, disse que tinha sido nomeado um juiz para conduzir a investigação, não podendo “excluir que os símbolos tivessem sido feitos a pedido explícito de alguém que vive no estrangeiro”, noticia o jornal Politico.
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Após interrogados os detidos e analisadas chamadas telefónicas, a procuradora de Paris, Laure Beccuau, chegou à conclusão de que “ambos os casais estavam relacionados com a mesma terceira pessoa” e que os contactos tinham sido feitos através de redes sociais da Doppelganger, a campanha de desinformação russa.
Descoberto isto, só faltava perceber quem tinha mandado os dois casais encher a capital de França com Estrelas de David. E o nome Anatolii Prizenko veio rapidamente à tona.
Após o Le Monde divulgar o nome do empresário pró-russo da Moldávia, citando fontes dos serviços secretos e da rádio Europe 1, um homem, que se identificou como Prizenko, disse ao jornal Libération ter sido o responsável, justificando o ato como “apoio aos judeus da Europa”.
Ainda assim, a Rússia descreveu as acusações de que o país estaria envolvido em tal ação como “estúpidas, um completo disparate e simplesmente indigno”.
Trata-se de uma tentativa das autoridades francesas, ou dos seus serviços secretos, de fingir que o crescimento do antissemitismo em França não é um problema interno”, atacou Maria Zakharova, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, num comunicado enviado à Doppelganger, citado pela France24 News.
No que diz respeito aos casais, o primeiro — o que foi detido — disse que estava de férias em Paris quando foi abordado por um homem que o ouviu a falar em russo e lhe ofereceu dinheiro se espalhasse as Estrelas de David pela cidade, estando agora a aguardar o pedido de deportação. O outro conseguiu fugir do país antes de ser detido, revelou a BBC.
Já os fotógrafos que acompanhavam os casais e seguiam ordens para publicar as imagens imediatamente nas redes da Doppelganger nunca chegaram a ser identificados.