O presidente da Assembleia da República vai reunir a comissão organizadora das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril no parlamento para fazer um “ponto de situação” após o anúncio da dissolução e marcação de eleições.

De acordo com a súmula da conferência de líderes de sexta-feira, Augusto Santos Silva decidiu “convocar uma reunião da comissão organizadora para fazer o ponto de situação”.

A comissão organizadora é presidida por Santos Silva e conta com elementos de todos os partidos representados no parlamento.

Nessa reunião extraordinária da conferência de líderes – convocada após o anúncio do Presidente da República de que vai marcar eleições para o dia 10 de março na sequência da demissão do primeiro-ministro — o presidente da Assembleia da República assinalou “o caso particular de algumas iniciativas em curso, como as relacionadas com as comemorações do 25 de Abril”.

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Santos Silva salientou que “implicam um planeamento plurianual e envolvem entidades externas e preparativos que já não é possível cancelar”.

O presidente da Assembleia da República distribuiu aos líderes parlamentares documentação sobre iniciativas previstas para o próximo ano no âmbito do programa das comemorações “cujos atos preparatórios se encontram plenamente em marcha, havendo compromissos assumidos com pessoas e entidades externas” e também sobre iniciativas a ocorrer em 2025 e 2026 que têm “atos preparatórios em curso, ou a realizar a curto prazo”.

Entre as iniciativas do programa de comemorações dos 50 anos do 25 de Abril e da Constituição no parlamento, previstas prologar-se até 2026, incluem-se homenagens a deputados eleitos vítimas de prisão política, a inauguração de um novo centro interpretativo, exposições e debates.

Na súmula lê-se também que o presidente do parlamento “chamou a atenção para que não faz sentido excecionar atividades culturais da Assembleia da República, após a dissolução, perante a antecipação do anúncio da mesma, uma vez que há tempo suficiente para planear e cumprir todas as atividades até 15 de janeiro”.

Nesta conferência de líderes, a ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, “destacou a necessidade de conclusão dos processos legislativos da lei eleitoral para o Parlamento Europeu […], tendo em conta a proximidade das eleições europeias, e da criação da Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial”.

A súmula refere que Santos Silva indicou que “não havia motivo para não serem concluídos os processos legislativos em curso e assegurou a sua autorização a todas as reuniões de comissão necessárias e indispensáveis para esse efeito”, tendo ficado definido que as comissões vão fazer um levantamento das iniciativas pendentes.

No entanto, o presidente do parlamento considerou que, face à situação política, deveria ser evitada a discussão de matéria “que tivesse oposição frontal/não fosse consensual” para evitar usar a Assembleia da República “como palco de campanha política”.

Quanto à revisão do Regimento da Assembleia da República, Augusto Santos Silva defendeu que seria útil que o grupo de trabalho “concluísse o exercício de verificação das consequências para o funcionamento da Assembleia República resultantes da aprovação das recentes alterações”, nomeadamente quanto à “preparação dos projetos de deliberação e resolução que deviam ser aprovados em plenário, uma vez que havia tempo e legitimidade para isso”, tendo os deputados ficado autorizados a reunir para esse efeito.

Portugal vai ter eleições legislativas antecipadas no dia 10 de março na sequência da demissão do primeiro-ministro. O Presidente da República apontou a publicação do decreto de demissão para o início de dezembro, para permitir a entrada em vigor do Orçamento do Estado, e a dissolução da Assembleia da República deve acontecer em meados de janeiro.