O presidente do Chega apelou esta quarta-feira à unidade do partido neste período de crise política no país e apontou o candidato à liderança do PS Pedro Nuno Santos como principal adversário nas eleições legislativas de 10 de março.
Nós estamos numa encruzilhada da história. E quando se está na encruzilhada da história, nós não falamos entre nós, não discutimos entre nós, não nos atacamos e, sobretudo, percebemos que, neste momento único da nossa história, os portugueses estão mais do que nunca a contar connosco e a contar com a nossa unidade”, disse o líder do Chega perante dezenas de militantes, num jantar-comício em Palmela, no distrito de Setúbal.
“Por isso, daqui do distrito de Setúbal, eu deixo-vos este apelo, ao distrito, mas também ao país: o tempo é de unidade, porque o nosso adversário não é interno; o nosso adversário é o Partido Socialista. E é esse adversário que nós temos que vencer nas eleições”, acrescentou.
Antes de um ataque cerrado a Pedro Nuno Santos, que o líder do Chega parece já dar como vencedor da corrida à liderança do PS, André Ventura acusou o primeiro-ministro António Costa de deixar vir à superfície “a pior tradição do PS, de tentar condicionar a Justiça”, ao usar a residência oficial para fazer a sua defesa num processo em que é investigado e são investigados alguns dos seus ministros.
Não se iludam, o PS que nós vamos enfrentar, não é nenhum PS renovado, não é nenhum PS novo, não é nenhum PS puro; é o mesmo PS do processo Casa Pia de Lisboa, é o mesmo PS do processo Marquês e agora o de António Costa. António Costa mostrou que não é diferente de Ferro Rodrigues, nem é diferente de José Sócrates”, defendeu.
Para o líder do Chega, Pedro Nuno Santos também não traz nada de novo ao PS e ao país porque “representa única e exclusivamente a continuidade do governo de António Costa”.
O país e a História não nos perdoarão se branquearmos Pedro Nuno Santos, se acharmos que o novo homem do Partido Socialista, com um novo fato e uma nova cara e um novo sorriso, vai trazer alguma coisa de novo aos portugueses”, disse.
“Nós ainda nos lembramos quem é que deu meio milhão de euros a Alexandra Reis no caso da TAP; nós ainda nos lembramos de quem é que tinha pastas importantíssimas deste governo e esteve sempre ao lado de Medina e de Costa nas decisões orçamentais; nós ainda nos lembramos de quem era o Pedro Nuno Santos, cuja empresa fazia negócios com o Estado. Por isso, quando temos tudo isto e alguém se apresenta aos portugueses dizendo `eu venho renovar´, nós só temos uma mensagem para ele: Pedro Nuno Santos, tu não vais renovar absolutamente nada. O teu rosto e a tua cara são o rosto e a cara de António Costa. Por nós não passarás”, sublinhou André Ventura.
O PSD, que já garantiu não fazer alianças com o Chega, também não escapou às críticas de André Ventura, que reafirmou a convicção de que só haverá um governo de direita com o apoio do Chega.
Vamos enfrentar o pior Partido Socialista, vamos enfrentar o mais fraco Partido Social Democrata (até a luz cai quando se fala do Partido Social Democrata; fala-se deste PSD e as luzes vêm logo abaixo)”, disse Ventura, brincando com o facto de se ter apagado uma luz quando começou a falar do PSD.
Antes, André Ventura já tinha deixado alguns reparos aos partidos de direita, que, disse, “perdem o tempo e o dia a discutir se querem o Chega, se não querem o Chega, se pode ser o Chega, se não pode ser o Chega”.
“Da nossa parte, essa conversa não interessa. Nós só temos uma mensagem para os portugueses. A mensagem é que estamos preparados para ser alternativa, que queremos ser alternativa. E se os outros não quiserem, se não quiserem governar por qualquer razão ideológica, por qualquer razão de complexo, então façam-nos um favor: saiam da frente e deixem-nos governar o país”, disse.
No jantar-comício em Palmela, André Ventura afirmou-se ainda convicto de que o partido estará apenas a uma distância de “6 ou 7 pontos” percentuais do PS e de que é possível uma vitória do Chega nas eleições legislativas de 10 de março.