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O triângulo que está a abalar a casa real dinamarquesa

Este artigo tem mais de 1 ano

Fotografias do príncipe Frederico da Dinamarca a passear em Madrid com uma ex-aristocrata de Espanha acenderam uma polémica com um triângulo que une os futuros reis a Genoveva Casanova.

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A princesa Mary e o príncipe Frederico num dos eventos durante a visita de estado dos reis de Espanha à Dinamarca, entre os dias 6 e 8 de novembro

2023 Getty Images

A princesa Mary e o príncipe Frederico num dos eventos durante a visita de estado dos reis de Espanha à Dinamarca, entre os dias 6 e 8 de novembro

2023 Getty Images

Algo se passa no reino da Dinamarca… Os futuros reis, o príncipe Frederico, primogénito da Rainha Margarida, e Mary, a executiva que deixou a sua Austrália natal por amor, estão no meio de uma polémica embaraçosa com contornos internacionais. O cenário é Madrid, onde o príncipe foi fotografado com uma ex-nora da duquesa de Alba a passear pelas ruas da capital. As imagens fizeram capa de uma revista do universo social e a bomba rebentou nas redes sociais em plena visita de estado dos reis de Espanha à Dinamarca. Passada mais de uma semana a notícia continua a fazer estilhaços. Depois de comunicados de ambos os lados, o príncipe Frederico segue com a sua agenda como se nada se tivesse passado, a princesa Mary apenas apareceu no juramento da constituição do filho e Genoveva fugiu de Madrid. Ainda não se sabe a extensão total dos estragos, por isso recordamos quem são os protagonistas desta polémica, como ela começou e o que se passou desde então.

Quem são os protagonistas desta história?

Mary Donaldson e o príncipe Frederico da Dinamarca conheceram-se no ano 2000, em Sydney, durante os Jogos Olímpicos que tiveram lugar na Austrália. O herdeiro do trono dinamarquês estava por lá para apoiar a equipa de vela e foi certa vez ao pub Slip Inn integrado numa verdadeira comitiva real que contava também com o irmão, o príncipe Joaquim, o primo príncipe Nikolaos da Grécia e o príncipe Felipe de Espanha. Naquele pub estava também a jovem Mary, que na altura estava a trabalhar na zona de Nova Gales do Sul. Frederico pediu o número de telefone de Mary e,  ao que parece, esta não sabia que ele era um membro da realeza.

Mantiveram uma relação à distância durante meses e em 2001 a australiana mudou-se para a Dinamarca, mas o namoro só se tornou público dois anos mais tarde. Depois de quatro anos de namoro, a realeza rumou em peso a Copenhaga para o casamento do herdeiro do trono a 14 de maio de 2004. Com um vestido de noiva desenhado por Uffe Frank e uma tiara de diamantes oferecida pelos futuros sogros, Mary Donaldson entrou na Catedral de Copenhaga para se tornar princesa herdeira da Dinamarca e foi recebida por um noivo em lágrimas. No ano seguinte nasceu o primogénito, o príncipe Christian, em 2007 nasceu a princesa Isabella e em 2011 nasceram os dois gémeos, Vincent e Josephine.

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O príncipe Frederik André Henrik Christian nasceu a 26 de maio de 1968. Licenciou-se em ciência política na universidade de Aarhus e continuou a estudar na mesma área em Harvard, nos Estados Unidos da América. Trabalhou na missão dinamarquesa nas Nações Unidas, em Nova Iorque, em 1994 e na embaixada dinamarquesa em Paris, entre 1998 e 1999.

Mary Elizabeth nasceu em Hobart, a capital da ilha australiana da Tasmânia, a 5 de fevereiro de 1972. O pai, John Dalgleish Donaldson, é um escocês professor de matemática aplicada e casou-se com a mãe de Mary, Henrietta Clark Donaldson, em 1963, ano em que ambos emigraram para a Austrália. A mãe da princesa era assistente executiva do vice-reitor da universidade da Tasmânia e morreu em 1997 quando a filha tinha 25 anos. O pai voltou a casar com uma autora britânica. Mary tem duas irmãs e um irmão, todos mais velhos. É licenciada em direito e comércio e tem certificados na área. Trabalhou em agências de publicidade em Melbourne, Edimburgo e, em Sydney. Antes de se instalar na Dinamarca, onde chegou a trabalhar na Microsoft, esteve a dar aulas de inglês em Paris. A sua fundação, a Mary Foundation, foca-se no combate ao isolamento social e a princesa é patrona do fundo para a população das Nações Unidas (UNFPA).

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A Rainha Margarida, os príncipes Frederico e Mary e os quatro filhos destes no aniversário do herdeiro, o príncipe Christian

Os dinamarqueses respeitam muito a sua Rainha e levam a sua monarquia muito a sério. Em 1953, através de referendo, ficou decidido que uma mulher poderia ascender ao trono da Dinamarca, caso não tenha irmãos mais velhos ou mais novos. Margarida era a mais velha de três irmãs e quando se tornou rainha foi a primeira monarca mulher em séculos, desde Margarida I, que foi governante dos reinos da Escandinávia entre 1375 e 1412.

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Em 2019 a Rainha Margarida fez da princesa Mary sua regente. Nunca antes tinha sido nomeada para esta função uma pessoa que não fosse descendente direto da família real. Na Dinamarca a monarca deve ter sempre um regente para o caso de não poder desempenhar as suas funções. A soberana já tinha três regentes, o príncipe Frederico (filho mais velho e o herdeiro); o filho mais novo, o príncipe Joaquim; e a irmã, princesa Benedikte. Uma vez que os dois últimos vivem, respetivamente, em Paris e na Alemanha, a Rainha decidiu nomear também a princesa Mary como regente.

A família dos príncipes Frederico e Mary é cada vez mais o principal apoio da Rainha que em 2022 tomou a decisão de retirar os títulos de príncipes aos quatro netos, filhos do seu filho mais novo, o príncipe Joaquim. A decisão da monarca teve como objetivo permitir que os netos possam ter uma vida mais comum, sem as restrições que a coroa impõe, mas causou grande polémica e desagrado no lado da família que perdeu os títulos, obrigando a soberana a pedir desculpa pouco depois.

Genoveva Casanova é mexicana e conheceu Cayetano Martinez de Irujo, o conde de Salvaterra e filho mais novo da famosa duquesa de Alba, no verão de 2000 quando estava de férias em Espanha. Ela estudava filosofia e foi visitar a irmã que estava a viver em Sevilha. Foram juntas a um concurso hípico em Jerez de la Frontera e foi onde começou a sua história com Cayetano, segundo conta a Hola. Em junho de 2001 foram pais dos gémeos Amina e Luís na Cidade do México, e viriam a casar-se em outubro de 2005 no Palácio de las Dueñas, em Sevilha.

Em outubro de 2007 anunciaram que se iam divorciar por mútuo acordo, que ficou oficializado no início de 2009. Num comunicado afirmavam que o motivo foi o “desgaste de uma relação prolongada numa situação em que sofreram numerosas complicações por diversas causas” e que entre ambos existia uma “relação de carinho e respeito”, segundo citava a Hola na altura.

Genoveva tem fama de ser uma apaixonada e entendida em arte. Foi diretora de projetos e relações institucionais na Fundação Casa de Alba, a instituição que trata da conservação do património artístico da família. Foi tmbém autora de uma crónica na revista Mujer Hoy que se chamava “Cita con el arte” sobre exposições internacionais, segundo relembra a Hola.

No início de outubro foi Genoveva que viajou a Copenhaga para uns dias de férias na companhia do filho. Como registou na sua conta de Instagram, passeou, assistiu a um concerto de Luke Combs e visitou a coleção de peças que o seu bisavô doou ao Museu Nacional da Dinamarca.

Como começou a polémica?

A 7 de novembro a Lecturas, revista espanhola dedicada aos temas do coração, largou a bomba nas redes sociais com um exclusivo: uma imagem da próxima capa da revista mostrava o príncipe herdeiro da Dinamarca e Genoveva Casanova, fotografados lado a lado na rua com os títulos: “Genoveva e Frederico da Dinamarca juntos” e “O futuro Rei visitou-a em Madrid e dormiu no seu apartamento”.

A revista em papel chegou às bancas, como é habitual, na quarta-feira, o dia a seguir à publicação nas redes sociais. Este foi também o dia em que Genoveva Casanova completou 47 anos e em que reagiu à polémica. “Nego rotundamente as afirmações que sugerem uma relação de tipo romântica entre o príncipe Frederico e eu. Qualquer afirmação deste tipo não só falta completamente à verdade, como também deturpa maliciosamente os factos”, afirmou citada na revista Hola. A mexicana reagiu também através dos seus advogados que emitiram um comunicado em seu nome (que a própria publicou na sua conta de Instagram) com algumas exigências, como a retificação do artigo de oito páginas e o desmentido da notícia, como se pode ler na mesma publicação espanhola.

Também a casa real dinamarquesa se viu obrigada a responder a questões sobre esta viagem do príncipe e à sua companhia durante a mesma. Um porta-voz reagiu rapidamente à controvérsia instalada pelas fotografias através de um comunicado de imprensa. “Mantemos uma política há anos de não comentar nem confirmar qualquer detalhe relacionado com assuntos privados. Além disso, gostaríamos de destacar o nosso compromisso de respeitar a privacidade dos membros da família real, incluindo o príncipe herdeiro”, pode ler-se citado no site da revista Hola.

O mesmo meio espanhol contou o que considera ser “a verdade da viagem de Frederico da Dinamarca a Madrid na qual coincidiu com Genoveva Casanova”. O príncipe herdeiro da Dinamarca terá feito uma viagem privada à capital espanhola há uns dias que incluía na agenda “museus, flamengo e gastronomia”. A revista apurou que um amigo que o príncipe e a ex-nora da duquesa de Alba têm em comum tinha combinado ir acompanhar o herdeiro à exposição de Picasso patente no Museu Thyssen, mas como estava doente (possivelmente com Covid-19), pediu a Genoveva que fosse em seu lugar, uma vez que é conhecedora de arte. Depois da exposição passearam pelo Parque do Retiro e jantaram no restaurante El Corral de la Morería. Acabaram por ser fotografados juntos e as imagens entretanto já chegaram ao outro lado do mundo, nomeadamente à Austrália, terra natal da princesa Mary.

A semana que se seguiu

Tudo isto aconteceu durante a primeira visita de estado dos reis de Espanha à Dinamarca. Entre os dias 6 e 8 de novembro Felipe e Letizia estiveram acompanhados pelos príncipes herdeiros do país nórdico, alvos da polémica.

Genoveva Casanova deixou Madrid logo no dia do seu aniversário e refugiou-se no Palácio Donostierra de Arbaizenea, em San Sebastián, com os seus cães. A propriedade pertence ao ex-marido, Cayetano Martinez de Irujo, que a recebeu da mãe quando esta morreu.

Na Dinamarca a agenda real prosseguiu. Um dos pontos altos da semana foi esta terça-feira, o juramento da Constituição do príncipe Christian. O filho mais velho dos príncipes Frederico e Mary completou 18 anos a 15 de outubro numa grande celebração que incluiu um jantar de gala oferecido pela avó a outros membros da realeza. Mas foi só passado quase um mês que  assinou a solene declaração de cumprimento da Constituição. O momento teve lugar no palácio de Christianborg, numa reunião do conselho de estado, na presença da Rainha, do príncipe herdeiro e do governo. Pela primeira vez em mais de 100 anos o herdeiro e o seu sucessor são maiores de idade e pela primeira vez na história da constituição há três gerações da linha de sucessão no conselho de estado, segundo o site da casa real dinamarquesa.

Depois de terminada a visita dos reis de Espanha. O príncipe Frederico já participou em vários eventos públicos. No Instagram da casa real podemos vê-lo a promover a Royal Run 2024, uma corrida com diferentes distâncias e para um público variado,que foi lançada em celebração do seu 50º aniversário, em 2018. Participou num evento tecnológico, foi anfitrião de uma reunião anual com a associação de empresários de que é patrono DenmarkBridge, recebeu a comissão de jurados do maior prémio desportivo da Dinamarca no Palácio de Amalienborg e participou numa tradicional caçada real na floresta dinamarquesa. Quanto à princesa Mary, desde a partida de Felipe e Letizia só voltou a aparecer publicamente nas fotografias do juramento da Constituição do filho.

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