Felipe e Letizia deixaram o aeroporto de Barajas, em Madrid, esta segunda-feira de manhã e chegaram horas depois a Copenhaga para a sua primeira visita de estado à Dinamarca. À saída do avião, foram recebidos pela rainha Margarida, pelos príncipes herdeiros, Frederico e Mary, e pela princesa Benedikte, irmã da soberana. Letizia levava na bagagem um guarda-joias recheado de preciosas peças das suas antecessoras reais e escolhas de moda que incluíam novidades e antigos sucessos. Mas aguardava-a outra das mulheres mais bem vestidas da realeza da atualidade, a princesa Mary. Ficam na ata desta visita duas tendências de moda para o inverno: os brincos vistosos e os casacos traçados. A visita terminou esta quarta-feira.

À chegada, os reis de Espanha viajaram numa carruagem de 1889 com escolta a cavalo para o Palácio de Christian VII, em Amalienborg. O veículo foi adaptado com uma cobertura devido ao frio que já se faz sentir pelo país nórdico. Já no palácio a Rainha Margarida atribuiu aos reis Felipe e Letizia a Ordem do Elefante, a maior distinção que é usada da Dinamarca para homenagear chefes de estado estrangeiros que por lá passam em visitas de estado. Por seu lado a Rainha Margarida já possui a mais importante ordem que um soberano espanhol pode conceder, a ordem do Tosão de Ouro, que lhe foi dada por Don Juan Carlos.

Os brincos que a rainha Letizia levou no guarda-joias

A rainha Letizia chegou com um grande casaco bege traçado e apertado com cinto, da marca & Other Stories, e acessórios em tom escuro de vermelho da marca Magrit, segundo deu conta a revista Hola. Sob o casaco a rainha usou um vestido vermelho, Carolina Herrera. No entanto, no look da soberana espanhola destacaram-se os brincos, em forma de pomba dourada a segurar uma argola com pedras vermelhas, que pertencem a dona Sofia, segundo a publicação. A princesa Mary optou por um casaco cintado verde com chapéu azul, ambos em tons escuros. A Rainha Margarida foi a mais arrojada, com um conjunto de saia e casaco em fúcsia.

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Os brincos da rainha Sofia em forma de pomba para aterrar em Copenhaga

Na primeira noite em Copenhaga, a Rainha Margarida ofereceu um jantar de gala no Palácio de Christianborg, onde as joias das royals também foram protagonistas. Letizia jogou uma cartada de peso com a tiara mais importante do guarda-joias real, a tiara Flor de Lis, que só usa em situações muito especiais. A joia foi encomendada pelo Rei Alfonso XIII como presente de casamento para a mulher, a rainha Victoria. Conta com 450 diamantes e 10 pérolas e tornou-se um ícone da dinastia Borbón.

À altura da tiara estavam também os brincos escolhidos pela rainha, um par de joias com safiras que pertenceram a dona Sofia e que esta só usava em ocasiões muito especiais. Letizia usou ainda uma das duas pulseiras de diamantes Cartier, conhecidas como “as gémeas” que também a rainha Victoria Eugénia deixou de herança às gerações seguintes. Os reis de Espanha usaram ambos a honra que tinham recebido nesse mesmo dia, a Ordem do Elefante, na forma de uma faixa azul clara. Para a rainha funcionou na perfeição sobre o vestido Felipe Varela azul escuro com corte princesa e saia rodada que usou pela primeira vez me público em 2015.

A princesa Mary usou um vestido/joia, cinzento e coberto de brilho, o mesmo que elegeu para os retratos oficiais dos seus 50 anos, uma criação de Lasse Spangenberg. Na cabeça usou uma tiara que não pertence à coleção da casa real e que pode ser convertida em colar. A rainha Margarida optou por um vistoso conjunto de joias com esmeraldas e um vestido em renda verde a condizer.

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Os brincos com safiras para o jantar de gala

Ao segundo dia de visita os reis de Espanha e os príncipes herdeiros da Dinamarca começaram o dia na Cidadela, a fortificação histórica de Copenhaga, onde colocaram uma coroa de flores em homenagem aos soldados que perderam a vida. Depois os cavalheiros seguiram para um encontro com empresas dinamarquesas e espanholas, enquanto as senhoras visitaram um hospital infantil. Ambas optaram por casacos estilo roupão, traçados e apertados com cinto. Por baixo revelaram escolhas bem diferentes. Letizia estreou um vestido verde da marca espanhola Dándara, simultaneamente “made in spain” e acessível, uma vez que custa online 79,99 euros.

A rainha elevou o look com uns brincos em diamantes que criam um efeito de nó e têm uma esmeralda na ponta pendente, que pertencem a dona Sofia, segundo a Vanity Fair. A rainha de Espanha já tinha usado estes brincos na entronização do imperador do Japão, em 2019. A princesa da Dinamarca usou um conjunto composto por blusa negra Red Valentino com saia em tweed branco e negro Dolce & Gabbana. Os atos oficiais do dia passaram ainda por cenários como a câmara municipal de Copenhaga e a Universidade da capital.

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Os brincos com esmeraldas para enriquecer um vestido low-cost

Na terça-feira à noite foram os reis de Espanha os anfitriões, uma vez que receberam os membros da realeza dinamarquesa para a inauguração da exposição “Luz em movimento” do artista espanhol Joaquim Sorolla, no museu de arte da capital Ny Carlsberg Glyptotek, e para um jantar. A rainha de Espanha voltou a usar um vistoso par de brincos do guarda-joias real, que só usa em ocasiões de grande simbolismo. Desta vez optou pelos brincos com diamantes encastrados, que fazem parte das “joias de passar” e que a infanta Cristina usou no dia do seu casamento. Os brincos fazem conjunto com um colar riviére que pertenceu à rainha Victoria Eugenia que os mandou fazer com grandes diamantes ao centro tirados do colar e rodeados  por diamantes mais pequenos, segundo explica a Hola.

Em Espanha chama-se “joias de passar” (nome dado por Maria de las Mercedes de Borbon, a mãe do rei Juan Carlos) ao conjunto de joias que o marido herdou da mãe e trata-se das peças preciosas que cada rainha passa em herança à sua sucessora.

A rainha Letizia também fez diplomacia com o vestuário e usou um vestido negro de corte reto com decote V, comprimento midi e todo em lantejoulas da marca dinamarquesa Rotate, que pode ser encontrado online por 280 euros e encomendado para Portugal. Chegou ao museu com um casaco maxi negro da marca espanhola Mango.

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Os brincos de diamantes que a infanta Cristina usou no dia do seu casamento

A visita de Estado chegou esta quarta-feira ao fim. Os reis de Espanha despediram-se da Rainha Margarida no Palácio de Fredensborg pela manhã, onde assinaram o livro de visitas. Manda também a tradição da Rainha dinamarquesa que os chefes de Estado que a visitam assinem um vidro de janela do palácio com uma caneta de ponta de diamante. O vidro é retirado para ser assinado e depois recolocado no seu lugar, explica a revista Hola. A tradição conta já com 160 anos.

Felipe e Letizia juntaram-se depois aos príncipes Frederico e Mary para uma visita ao famoso edifício Blox, um exemplo de planeamento urbanístico sustentável, e também a uma exposição sobre o desenvolvimento urbano da cidade de Copenhaga, no ano em que se assume como capital mundial da arquitetura. No último dia a rainha Letizia optou por usar um vestido branco com saia de pregas e um vistoso casaco cor de rosa, mas, quanto às joias, reservou uns brincos com um design muito simples e sem história que possamos contar. Fica assim o destaque do dia para a pregadeira em forma de flor e cheia de brilho que a princesa Mary usou na lapela do blazer do seu fato em muito formal em verde petróleo.

Próximos, mas distantes

Esta visita estava planeada para o passado mês de abril, mas foi adiada porque a Rainha Margarida foi operada às costas em fevereiro. Apesar de ser a primeira viagem de Estado dos reis, não é a primeira vez que Felipe e Letizia viajam juntos à Dinamarca. Em 2004, apenas alguns dias antes do seu próprio casamento, o casal esteve na boda do príncipe Frederico com Mary Donaldson, naquela que foi a apresentação de Letizia à realeza internacional. Os reis de Espanha regressaram à Dinamarca em 2015, para a celebração dos 75 anos da Rainha Margarida. Em quase 10 anos de reinado (que se completam em julho de 2024), esta é a 15ª visita de estado que os soberanos espanhóis realizam.

Importa lembrar que há uma ligação familiar entre a casa real dinamarquesa e a espanhola. A Rainha Margarida da Dinamarca é irmã da rainha Ana Maria da Grécia, a viúva do Rei Constantino que era irmão da rainha Sofia de Espanha.

Margarida II da Dinamarca: a única rainha do mundo e o atual reinado mais longo

A visita dos reis Felipe e Letizia acontece 43 anos depois da única visita de Estado feita pelos reis eméritos à Dinamarca ao longo dos seus 39 anos de reinado. Foi a 17 de março de 1980 que Juan Carlos I e dona Sofia aterraram em Copenhaga onde foram recebidos pela Rainha Margarida e pelo marido, o príncipe Henrik. Depois dos dois soberanos passarem revista às tropas, seguiram em dois Rolls Royce para o Palácio de Fredensborg, a residência de primavera e outono da Rainha dinamarquesa e onde ficaram instalados os reis espanhóis, como recorda a Vanity Fair. Houve um jantar de gala no Palácio de Christiansborg, um encontro com cidadãos espanhóis a viver na Dinamarca, uma festa com flamengo e uma visita ao parlamento dinamarquês. Depois os reis de Espanha partiram para os Países Baixos, onde se encontraram com a Rainha Juliana, avó do atual Rei Willem-Alexander. A Rainha Margarida viria a retribuir a visita com uma viagem a Espanha em 1983.

A sombra de uma polémica

Durante a viagem de estado dos reis de Espanha à Dinamarca desenrolou-se uma polémica que envolve personalidades de ambos os países. A revista espanhola dos assuntos do coração Lecturas, publicou em exclusivo esta quarta-feira umas imagens nas quais o príncipe Frederico da Dinamarca aparece com Genoveva Casanova em Madrid, ex-mulher de Cayetano Martinez de Irujo, filho da falecida duquesa de Alba. A publicação escreve que os dois “passearam por Madrid, desfrutaram de um jantar na sua mais estrita companhia e pernoitaram”. Na capa da revista é possível ver uma fotografia de ambos, acompanhada da legenda: “O futuro rei visitou-a em Madrid e dormiu no seu apartamento”. Foi assim lançada a polémica sobre o herdeiro do trono dinamarquês, que é casado com Mary Donaldson há quase 20 anos e com quem tem quatro filhos.

O príncipe herdeiro da Dinamarca terá feito uma viagem privada a Madrid há uns dias que incluía na agenda “museus, flamengo e gastronomia”, segundo explica a Hola. A revista apurou que um amigo que o príncipe e a ex-nora da duquesa de Alba têm em comum tinha combinado ir acompanhar o herdeiro à exposição de Picasso patente no Museu Thyssen, mas como estava doente (possivelmente com Covid-19), pediu a Genoveva que fosse em seu lugar, uma vez que é conhecedora de arte. Depois da exposição passearam pelo Parque do Retiro e jantaram no restaurante El Corral de la Morería. Acabaram por ser fotografados juntos e as imagens levaram a uma polémica e a reações de ambos os lados.

Um porta-voz da casa real dinamarquesa reagiu à controvérsia instalada pelas fotografias que envolvem o príncipe Frederico através de um comunicado de imprensa. “Mantemos uma política há anos de não comentar nem confirmar qualquer detalhe relacionado com assuntos privados. Além disso, gostaríamos de destacar o nosso compromisso de respeitar a privacidade dos membros da família real, incluindo o príncipe herdeiro”, pode ler-se citado no site da revista Hola.

Genoveva Casanova, que faz 47 anos esta quarta-feira, dia em que foram publicadas as imagens, respondeu à polémica afirmando: “Nego rotundamente as afirmações que sugerem uma relação de tipo romântica entre o príncipe Frederico e eu. Qualquer afirmação deste tipo não só falta completamente à verdade, como também deturpa maliciosamente os factos”. A mexicana reagiu também através dos seus advogados que emitiram um comunicado em seu nome com algumas exigências, como a retificação do artigo de oito páginas e o desmentido da notícia, como se pode ler na mesma publicação espanhola.