No seu site, prometia ser uma mais do que uma ama que se limita a vigiar as crianças, ao trazer-lhes uma experiência “divertida”. A promessa terá atraído muitos pais em busca dos melhores cuidados para os seus filhos. Anos mais tarde, porém, o homem acabou sentenciado por um tribunal na Califórnia por ter abusado sexualmente de 16 menores de idade.

O babysitter Matthew Antonio Zakrzewski, que se autoapelida como “manny” (algo como ama masculina, numa tradução livre em português) e como “o companheiro da ama original”, foi esta segunda-feira condenado a 707 anos e oito meses de prisão por ter abusado sexualmente de 16 crianças e por ter mostrado a outra um conteúdo pornográfico “com o intuito de a violar”, explica o comunicado dos procuradores do Condado de Orange, na Califórnia.

O homem, de 34 anos, foi detido a 17 de maio de 2019, na cidade de Laguna Beach, após um casal ter feito queixa de que ele tinha “tocado inapropriadamente no seu filho de oito anos”. Começou por ser julgado por três crimes — dois de atos obscenos com um menor de 14 anos e um de violação oral de uma criança com menos de dez —, mas acabou por se descobrir que aquele não tinha sido caso único. Tudo graças aos testemunhos dos pais e aos vídeos caseiros que fazia dos abusos.

Desta forma, Zakrzewski foi condenado por 34 crimes ocorridos entre 1 de janeiro de 2014 e 17 de maio de 2019, a crianças entre os dois a 12 anos. Segundo o comunicado dos procuradores, destes, “27 eram atos obscenos com um menor de 14 anos, dois de violação oral a um menor de dez anos, um de posse de pornografia infantil, outro de utilização de um menor para atos sexuais e dois de distribuição de pornografia a um menor para fins de conduta sexual”.

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“Orgulho-me de ter trazido sorrisos aos vossos filhos. Todos os bons momentos que partilhámos foram 100% genuínos”, justificou-se em tribunal, “enquanto vários pais tapavam os ouvidos e choravam”, descreveram os procuradores.

Os pais também testemunharam e “expressaram a sua indignação perante o esquema em que Zakrzewski os envolveu para ter acesso aos seus filhos”, acabando mesmo por o comparar a um animal “que eles se culpam por ter deixado entrar em casa”.

No seu site, My Sitter Buddy, o homem oferecia uma variedade de serviços, nomeadamente de companhia para as crianças, ajuda em eventos e oferta de babysitting durante uma ou mais noites.

“No oitavo ano, descobri a alegria de trabalhar com crianças e de ter um impacto positivo nas suas vidas através do Programa de Amigos da minha escola”, escreveu, na sua apresentação. “Agora, sou um prestador de serviços completo certificado pela TrustLine de cuidados infantis regulares e a pedido, bem como serviços de mentoria para crianças”.

Em comunicado, o procurador Todd Spitzer acusou o babysitter de ser um “mestre manipulador” e de ter ensinado as crianças a mentir e “a guardar segredos seus próprios pais”.

A exploração sexual de crianças destina-se a destruir a mais pequena das almas e este monstro disfarçado de sorrisos e gargalhadas envolveu-se na mais horrível e calculada manipulação para garantir que continuaria a ter acesso livre àquilo que estes pais mais prezam — os seus filhos”, escreveu.