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A organização não-governamental Médicos Sem Fronteiras (MSF) denunciou esta sexta-feira a realização de ataques russos a dois hospitais ucranianos nas regiões de Donetsk e Kherson, que causaram a morte a pelo menos quatro pessoas.

Devido a estes ataques, a organização viu-se obrigada a suspender temporariamente a sua presença nestes dois hospitais, mas assegurou que continua a trabalhar em outros centros sanitários da região.

Trabalhadores da organização estavam presentes nos dois hospitais, mas não ficaram feridos.

A MSF denunciou que a ofensiva russa coloca em risco a vida de quem presta cuidados de saúde e a sua própria capacidade de prestar assistência.

O mais recente ataque, realizado na segunda-feira, foi dirigido ao hospital de Selidovo, em Donetsk, onde as autoridades ucranianas confirmaram a morte de três pessoas. Nas instalações hospitalares encontravam-se cinco funcionários da MSF, avançou esta, em comunicado.

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Segundo relatou Artem Tretiakov, condutor de ambulâncias da MSF, as explosões começaram a ouvir-se cerca da meia-noite, “mas foram-se ouvindo cada vez mais perto”. De repente, recordou, “um míssil atingiu (…) o edifício”.

Em consequência, o hospital de Selidovo sofreu graves estragos, bem como duas ambulâncias da MSF, que integram um sistema destes veículos que já transportou mais de 10.600 pessoas, desde maio de 2022, pouco depois do início da invasão russa da Ucrânia.

Além do ataque em Donetsk, a MSF recordou que na segunda-feira anterior os militares russos tinham atacado outro hospital, em Kherson, onde a MSF também está presente, que causou a morte a uma pessoa e ferimentos em três.

Condenamos energicamente estes ataques abomináveis a hospitais, que causaram trágicas mortes e ferimento a doentes e pessoal médico (..). Supõe-se que as instalações médicas são lugares onde se salvam vidas, não onde se perdem”, afirmou o coordenador-geral da MSF na Ucrânia, Vincenzo Porpiglia.

A Médicos Sem Fronteiras colabora com o serviço de urgências e cuidados intensivos do hospital de Selidovo desde julho último, enquanto no hospital de Kherson está presente desde outubro.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou, de acordo com os mais recentes dados da ONU, a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa — justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia — foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.