O comentador da SIC e conselheiro de Estado Luís Marques Mendes considera que António Costa está “arrependido” da decisão que tomou no dia 7 de novembro, quando se demitiu na sequência da informação da Procuradoria Geral da República (PGR) dando conta da existência de um inquérito contra si no Supremo Tribunal de Justiça. “Eu acho, não posso provar, mas acho que o primeiro-ministro está arrependido, é a minha opinião”, disse o comentador.

“Mesmo que não tivesse havido aquele polémico parágrafo do comunicado da PGR, o primeiro-ministro teria de sair na mesma. Não tinha condições para continuar. Tudo à volta dele era politicamente para o matar: um ministro sob suspeita; o melhor amigo sob suspeita; buscas em São Bento; um chefe de gabinete sob suspeita e com milhares de euros — dinheiro sujo — escondido em São Bento. Perante isto, o primeiro-ministro não tinha a menor das condições para continuar“, disse Luís Marques, no seu habitual comentário de domingo à noite.

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Sobre o congresso do PSD, Marques Mendes considera que foi “um bom congresso”. “Havia baixas expectativas e, no final, houve efeito surpresa: Cavaco Silva, sobretudo, que há [quase] 30 anos não ia a um congresso e que é uma grande referência para grandes setores do eleitorado português”, sublinhou o ex-presidente do PSD, acrescentando que Nuno Morais Sarmento fez uma “intervenção marcante” no congresso, que decorreu este sábado em Almada.

Contudo, para Marques Mendes o “efeito mais importante” da reunião magna dos sociais democratas foi o discurso de encerramento de Luís Montenegro. “O discurso final é o melhor que Montenegro fez até hoje. Já veste o fato de candidato a sério a primeiro-ministro, que se apresenta como alternativa e ambição e tem propostas, ideais, um pensamento estruturado e é capaz de mobilizar”, disse Marques Mendes, realçando que vários quadrantes políticos estão já a discutir uma das propostas apresentadas por Montenegro: o aumento das pensões de reforma.

Luís Montenegro fez um discurso “com forte conteúdo social”, realçou Marques Mendes. “Até que enfim que o PSD tem um discurso ousado e ambicioso no domínio social“, acrescentou.

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Quanto às possíveis coligações pré-eleitorais do PSD, Marques Mendes considera que o partido deveria fazer uma coligação à direita (mesmo sem a presença da Iniciativa Liberal) com o CDS, com o PPM e “sobretudo, com uma plataforma de independentes, num modelo similiar ao que Sá Carneiro fez em 1979”. “A fórmula vale a pena”, defende.

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No que diz respeito à disputa interna no PS, o ex-presidente do PSD notou que José Luís Carneiro tem “um conjunto de apoios muito importante”, como Vera Jardim, Maria de Belém Roseira e Marçal Grilo, e considera que o também ministro da Administração Interna recebeu “uma prenda” vindo do congresso do PSD, onde, diz, ficou evidente a preferência por Pedro Nuno Santos. “Se o PSD prefere PNS, o adversário mais difícil seria José Luís Carneiro”, vincou.