José Luís Carneiro revelou esta noite abertura para “aperfeiçoar” o Complemento Solidário para Idosos — para o qual o PSD avançou com uma proposta no Congresso de sábado passado. Agora o candidato à liderança do PS defende que se mexa na condição de recursos dessa prestação e também que ela venha a ser atribuída de forma automática. Aconselha Luís Montenegro a estudar melhor o assunto e diz também que as mais recentes sondagens mostram que o líder do PSD “teme” a sua candidatura em legislativas.

Em entrevista à SIC e, depois, à SIC-Notícias, Carneiro avançou com uma novidade, admitindo vir a propor alterações ao apoio mensal para idosos com baixos recursos. No sábado, Montenegro anunciou a intenção de, se chegar ao Governo, atualizar as pensões à inflação e ainda usar o Complemento Solidário para Idosos para garantir que até 2028 nenhum pensionista tenha um rendimento total inferior a 820 euros mensais. Mas o candidato socialista considera que “o PSD não estudou bem este assunto”, argumentando que o CSI “não é universal, já que depende de um pedido que tem de ser formulado, e depende da condição de rendimentos dos filhos”.

Para o socialista, “onde é possível formular alterações é na condição de recursos e no modelo de atribuição”, afirmou na entrevista sem detalhar. Carneiro apenas diz que, se vencer as eleições de 10 de março (depois de ganhar o PS), tenciona “dar um passo em frente na automaticidade da atribuição” do CSI, “dispensando-a de formulação de pedido” e também “melhorando a questão relacionada com a condição de recursos, porque faz depender o apoio dos rendimentos dos filhos e, por vezes as condições de vida dos filhos estão desligadas da condição de vida dos mais idosos”.

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Carneiro tem entre os seus apoiantes — e segundo a sua candidatura, responsável pela parte orçamental da moção que entregará esta quinta-feira — o atual ministro das Finanças, Fernando Medina. Ainda assim, o candidato diz que esta “melhoria da prestação deve ser avaliada em termos de custos orçamentais e verificar se é possível assumir”. E isto porque quer “melhorar a prestação, mas com responsabilidade orçamental“.

A proposta entra no campeonato aberto pelo PSD este sábado. E é para Luís Montenegro que Carneiro tenta virar agora o seu debate, apoiado nas mais recentes sondagens (Universidade Católica/Público/RTP ) que o apontam como favorito dos portugueses (e não dos militantes do PS) na corrida a primeiro-ministro, face a Pedro Nuno Santos mas também a Luís Montenegro. “Hoje tirei a prova dos nove: Montenegro teme a minha candidatura como seu adversário nas legislativas”.

Carneiro diz sentir a “expressão de um movimento muito forte da sociedade civil de diversos quadrantes políticos” relativamente à sua candidatura. E coloca-se como o candidato socialista (e não só) que permite “estabilidade, previsibilidade e liderança política”. Isto além de dizer ainda que a sua candidatura é que “evita a polarização entre blocos, que torna incapaz construir soluções de políticas”.

Avança convencido de ter “condições para ir a eleições e ganhar com uma maioria confortável“. Isto no plano nacional, porque quando questionado sobre a vantagem que Pedro Nuno Santos leva dentro do partido, onde irá primeiro a votos nas diretas, José Luís Carneiro avisa que “não há donos dos militantes” e que está “acrescer todos os dias no apoio dos militantes”.

Na entrevista repetiu ainda a ideia que traz relativamente a condições de governabilidade e que acordos está disponível para fazer, afastando a questão do bloco central. Nesse ponto, Carneiro é claro: “Não haverá bloco central. Mas também não parto dando conta de querer estabelecer uma nova aliança” à esquerda, diz num afastamento da linha de Pedro Nuno Santos, seu adversário no PS. A propósito lembra até a crise política de 2021, em que “a rutura com o PS não foi o secretário-geral do PS que quis, mas os partidos à esquerda”.

Quanto ao centro-direita, diz que não o “demoniza” e entende que “é possível fazer reformas com acordos de incidência parlamentar de carácter duradouro”. A sua vantagem, assegurou, é a “capacidade de construir pontes com todos”, menos com o Chega: “Quando considero diálogo, não considero com o Chega”. Quanto ao resto, repete que tem “provas de vida cívica e política de ter condições para conseguir sentar a mesa e promover a unidade no PS”.

José Luís Carneiro disse ainda que entregará a moção ao congresso do PS esta quinta-feira de manhã — prazo máximo para a entrada de candidaturas e para a entrega de moções –, na sede nacional do partido.