O Presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmud Abbas, instou esta quarta-feira à realização de uma conferência internacional de paz para discutir a guerra na Faixa de Gaza e o longo conflito israelo-palestiniano.

“Está na altura de se organizar uma conferência internacional de paz, de impor a vontade internacional e de reconhecer o direito do nosso povo a existir”, disse Abbas num discurso proferido por ocasião do Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestiniano, citado pela agência de notícias oficial palestiniana Wafa.

O responsável apelou para que se “rejeite a intransigência de Israel” e defendeu que “a atual agressão” na Faixa de Gaza e na Cisjordânia ocupada — onde a violência também aumentou — “deve cessar imediatamente”.

“Devemos empenhar-nos num processo político sério, que respeite a legitimidade internacional e tenha como objetivo pôr fim à ocupação”, sublinhou o líder palestiniano.

Instou também à “elaboração de um pacote de garantias para se aplicar o que for acordado num período de tempo específico, para se alcançar uma trégua justa e abrangente que conduza à paz”.

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“Os palestinianos têm direito à sua liberdade e independência no Estado da Palestina, com Jerusalém como capital”, acrescentou.

Mahmud Abbas dirige a Autoridade Palestiniana, com poder em zonas limitadas da Cisjordânia ocupada e sem controlo sobre a Faixa de Gaza — desde 2007 nas mãos do movimento islamita palestiniano Hamas —, e a sua influência na guerra entre Israel e o Hamas é reduzida.

De facto, quem está a fazer a mediação entre ambas as partes em conflito são o Qatar e o Egito, com o apoio dos Estados Unidos, sem que a Autoridade Palestiniana tenha uma palavra a dizer.

O Fatah, partido secular que domina o organismo e a que Abbas preside, está desde 2007 em confronto com o Hamas.

“A agressão israelita coloca-nos perante uma encruzilhada: ou prevalece a vontade internacional, ou prevalece a vontade da ocupação de perpetuar o seu colonialismo”, sustentou Abbas, referindo-se a Israel.

Israel ocupou a Cisjordânia e Jerusalém Oriental em 1967 e mantém desde então um longo regime de ocupação e colonização.

Até à guerra que eclodiu no início de outubro, as autoridades israelitas aplicavam um rígido bloqueio à Faixa de Gaza, onde agora o Exército israelita tem controlo direto sobre a zona centro-norte, incluindo a capital, Gaza.

A 7 de outubro, combatentes do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) — classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel — realizaram em território israelita um ataque de proporções sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948, fazendo 1.200 mortos, na maioria civis, 5.000 feridos e cerca de 240 reféns.

Em retaliação, Israel declarou uma guerra para “erradicar” o Hamas, que começou por cortes ao abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre.

A guerra entre Israel e o Hamas, que esta quarte-feira entrou no 54.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza cerca de 15.000 mortos, na maioria civis, e mais de 33.000 feridos, de acordo com o mais recente balanço das autoridades locais, e 1,7 milhões de deslocados, segundo a ONU.

Na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, 240 palestinianos foram mortos pelas forças israelitas ou em ataques perpetrados por colonos.