Enquanto esteve em fuga, conseguiu comprar uma ilha artificial no Dubai. E agora está a usá-la a seu favor para passar menos tempo atrás das grades. O antigo traficante de droga Raffaele Imperiale, apelidado de “chefe de Van Gogh”, ofereceu a sua ilha na costa do Dubai às autoridades italianas, de forma a obter uma redução de pena.

A proposta foi feita esta segunda-feira durante o julgamento em Nápoles, Itália, que envolve cerca de 20 arguidos, incluindo o narcotraficante de Camorra, que se tornou um informador após ter sido detido, em agosto de 2021.

Com 49 anos, Imperiale esteve em fuga durante cinco anos, tendo sido preso no Dubai — onde vivia e gastava cerca de 400 mil euros por mês, segundo a agência ANSA — e extraditado para Itália em março de 2022. Segundo os investigadores, durante esse tempo comprou a ilha Taiwan, do arquipélago artificial “O Mundo”, situado ao largo da costa dos Emirados Árabes Unidos, que está avaliada entre 60 a 80 milhões de euros.

“É evidente que Imperiale quer uma redução da pena“, declarou o procurador Maurizio De Marco, visto que o narcotraficante enfrenta uma pena de 14 anos e dez meses de prisão. “Estamos a avaliar a validade das suas declarações, mas parece não haver dúvidas sobre a sua genuinidade”, informou, citado pelo The Guardian.

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Imperiale ganhou a fama de “chefe Van Gogh” não por ter começado a carreira criminosa no mesmo país onde o pintor nasceu — visto que o italiano começou por vender canábis num café em Amesterdão —, mas sim porque, quando foi detido, possuía dois quadros roubados do mesmo.

Quando foi extraditado para a Itália, o narcotraficante mostrou-se cooperante com as autoridades, devolvendo ambas as obras e ainda permitindo a recuperação de outras que tinham sido roubadas ao Museu Van Gogh, em 2022: Praia de Scheveningen em tempo de tempestade (1882) e Congregação de saída da igreja reformada de Nuenen (1884).

Segundo a mesma agência, as autoridades italianas suspeitam que Imperiale tenha liderado um dos 50 maiores cartéis de droga do mundo, com o monopólio virtual a cocaína peruana, juntamente com os narcotraficantes Ridouan Taghi — o antigo criminoso mais procurado dos Países Baixos —, o irlandês e chefe de gang Daniel Kinahan e o bósnio Edin Gačanin.

Apesar de tanto Gačanin, como Taghi já terem sido detidos, Kinahan continua em fuga. Assim como o seu pai, Christopher, e o seu irmão, Christopher Jr., ainda que haja uma recompensa de 4,5 milhões de euros para quem os encontrar.