O ranking do melhor desportivo dos Ferrari é estabelecido não pela potência, pelas formas agressivas ou pela capacidade de aceleração. Para o construtor italiano e para os respectivos fãs, a “raça” de cada veículo é medida pelo tempo por volta registado no circuito de Fiorano, a pista da Ferrari por onde todos os carros da marca passam, tanto os de competição, do GT3 aos F1, como os modelos de estrada. Entre estes últimos, o novo recordista é o SF90 XX.
Para ascender à liderança do ranking e bater o recorde de Fiorano para carros homologados para circular na via pública, o Ferrari SF90 XX teve de superar os seus antepassados. Ao percorrer uma volta em 1 minuto e 17,3 segundos, o novo XX bateu em 1,4 segundos a versão “normal” do SF90, mas deixou igualmente atrás de si e a 9,7 segundos o F50, o Enzo a 7,6 segundos e o LaFerrari a 2,4. E na Ferrari é bom não desrespeitar os modelos mais antigos, uma vez que os F1, que também são desenvolvidos em Fiorano e estabelecem aí os recordes, continuam a ter o melhor tempo por volta nas mãos do F2004, pilotado por Schumacher, que há 19 anos rodou em 55,9 segundos, tempo que continua a ser o recorde na pista com 2,99 km e 12 curvas.
O SF90 XX é uma evolução do SF90, mantendo o motor V8 biturbo com 3990 cc, reforçado por três motores eléctricos, um colocado entre o V8 e a caixa, com os restantes a serem instalados no eixo dianteiro, um associado a cada roda, para assegurarem tracção integral e agirem como estabilizadores do comportamento. São ainda os motores dianteiros que movem o Ferrari durante os 25 km de autonomia em modo 100% eléctrico.
Mas o SF90 XX diferencia-se do seu parente menos ousado e mais acessível, o SF90, por ter o V8 a desenvolver mais 17 cv, atingindo agora 797 cv, perdendo algumas peças para aliviar peso, com a retirada do sistema de admissão de ar secundário a economizar 3,5 kg. Ao ganho no motor a combustão junta-se o incremento da potência dos motores eléctricos, que debitam uns adicionais 13 cv, elevando de 1000 para 1030 cv o rendimento total do desportivo.
Ferrari faz render o SF90 Stradale e solta 1030 cv (com ou sem capota)
Evidentes são as evoluções aerodinâmicas, com o splitter dianteiro a ser mais eficiente, com a entrada de ar central para arrefecimento a ter saídas no capot frontal. Mas o que mais salta à vista é a asa fixa traseira, algo que a Ferrari não utilizava desde o F50 lançado no mercado há 28 anos. E, para maximizar a eficácia desta solução, o construtor transalpino introduziu uma segunda asa, sob a primeira fixa, que vai de low drag a high downforce em função da posição de um apêndice entre a asa e o vidro posterior, que pode abrir para expor a segunda asa (high downforce) ou fechar. Com as duas asas activas, o SF90 XX garante um apoio aerodinâmico de 530 kg sobre a traseira a 250 km/h.