A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), liderada pela Arábia Saudita, vai cortar a produção de crude entre 600 mil a 1 milhão de barris por dia em 2024, contrariando a pretensão da Nigéria e de Angola.
Os 13 ministros da OPEP, liderados pela Arábia Saudita, e os seus dez aliados (OPEP+), liderados pela Rússia, concordaram em “reduzir ainda mais a produção entre 600.000 e um milhão de barris por dia”, escreve a agência francesa de notícias, a France-Presse (AFP), citando uma fonte próxima das discussões.
A declaração oficial da reunião, disponível no site da OPEP, não faz referência ao número global do corte na produção, especificando que, para o caso de Angola e da Nigéria, a produção terá de limitar-se a 1,11 milhões e 1,5 milhões de barris diários, respetivamente.
“De acordo com a decisão da 35.ª reunião ministerial da OPEP e não OPEP, a finalização da análise pelas três fontes independentes (IHS, Wood Mackenzie e Rystad Energy), o nível de produção que pode ser atingido por Angola, Congo e Nigéria é o seguinte: Angola com 1,110 milhões de barris diários, Congo com 277 mil barris diários e Nigéria com 1,5 milhões de barris diários”, lê-se na declaração divulgada no site no final da reunião.
A reunião de esta quinta-feira tinha sido adiada face à resistência dos países africanos em aceitar o corte da produção permitida ao abrigo do acordo entre os 13 países da OPEP e os 10 aliados, mas as agências internacionais de notícias dão conta de ‘vitória’ da Arábia Saudita, que mantém o objetivo de baixar a produção para fazer subir os preços do petróleo.
Além do corte anunciado esta quinta-feira, a Arábia Saudita deverá prolongar a sua redução voluntária de um milhão de barris por dia para além de 2023, segundo a mesma fonte citada pela AFP, que dá conta da tentativa da Arábia Saudita de convencer os parceiros africanos a partilhar o fardo da redução da produção.
Nigéria e Angola, os dois maiores produtores de petróleo na África subsaariana, produzem cerca de 1,5 e 1 milhão de barris diários, respetivamente, e querem ‘autorização’ do cartel para produzir mais, tendo em conta as perspetivas de um aumento da produção a partir do próximo ano nos dois países.
A divergência dura desde junho deste ano, quando foi determinada uma redução dos objetivos de produção para estes países, ao mesmo tempo que foi acordado um aumento das exportações dos Emirados Árabes Unidos devido à suas grandes reservas, escreve a AFP.
A OPEP é constituída pela Argélia, Angola, Guiné Equatorial, Gabão, Irão, Iraque, Kuwait, Líbia, Nigéria, República do Congo, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Venezuela, a que se juntam mais dez aliados, entre os quais estão a Rússia, o México, o Azerbaijão e o Cazaquistão, e o Brasil, que deverá entrar no grupo em janeiro de 2024.
OPEP anuncia adesão do Brasil ao cartel a partir de janeiro de 2024