Os serviços de inteligência e segurança franceses e alemães estão a alertar para o maior risco de terrorismo islamista no período de Natal, com destaque para ataques de indivíduos que agem de forma independente.
O responsável alemão, Thomas Haldenwang, presidente do Gabinete Federal para a Proteção da Constituição (BfV), afirmou que o risco “é real e mais elevado do que tem sido há muito tempo”, relata o Politico.
Também o diretor da Direção Geral da Segurança Interna (DGSI), a agência de inteligência francesa, Nicolas Lerner, alertou para a identificação de grupos terroristas, como o Estado Islâmico e a Al-Qaeda, com a causa palestiniana.
Parte do problema é o perfil dos autores destes ataques: homens ou rapazes solitários, radicalizados na internet. Para o diretor do BfV, as imagens da guerra em Gaza publicadas nas redes sociais geram uma “resposta altamente emocional”, o que “leva à radicalização dos criminosos, que agem sozinhos, e atacam alvos fáceis com métodos primitivos”, explica. São “lobos solitários”, lone wolves.
Em entrevista ao Le Monde (em francês), esta quarta-feira, o diretor da DGSI traça um perfil coincidente com os “lobos” identificados pelo homólogo alemão. “Estes jovens não foram a mesquitas ou locais de socialização; estruturaram-se online, nas redes sociais, num espaço digital e ideológico preocupante”, informa.
Nicolas Lerner destacou ainda que das três tentativas de atentado descobertas pela DGSI em 2023, todos os responsáveis tinham menos de 18 anos: “O mais novo tem 13 anos. Os outros dois tinham 14.”
O especialista em jihadismo Hugo Micheron, citado pelo Financial Times, explica que a diferença entre esta vaga de terrorismo e a da década passada passa sobretudo pelo percurso dos atacantes. Se estes eram, anteriormente, “projetados a partir do Médio Oriente”, como a Síria ou o Iraque, agora são “isolados e caseiros”.
Mas Micheron avisa que isso não se deve desconsiderar o risco colocado por estes “lobos solitários”. “O ambiente permissivo é maior nas redes sociais, onde mensagens extremistas chegam aos jovens”, afirmou.
A ministra do Interior alemã, Nancy Faeser, anunciou esta quinta-feira que as autoridades do país tinham registado 4,300 atos criminosos relacionados com o conflito na Faixa de Gaza, dos quais 500 violentos, desde 7 de outubro.
França tem estado em estado de alerta elevado para ataques terroristas desde dia 13 de outubro, quando um homem armado com uma faca matou um professor numa escola em Arras.