Narges Mohammadi foi laureada este domingo com o Prémio Nobel da Paz, numa cerimónia em Oslo. Mas a ativista iraniana de 51 anos estava a milhares de quilómetros de distância, detida no Irão, na prisão Evin, em Teerão.
Coube aos filhos, os gémeos Ali e Kiana Rahmani, que vivem exilados com o pai em Paris, receber o prestigiado prémio em nome da mãe. A ativista foi escolhida no início de outubro pela Academia Norueguesa devido à sua luta não violenta contra a opressão às mulheres no Irão e de defesa dos direitos humanos.
“Mulheres, vida, liberdade.” Ativista iraniana Narges Mohammadi vence o Nobel da Paz 2023
Os jovens de 17 anos receberam o prémio, que inclui uma medalha de ouro, um diploma e ainda um cheque de 11 milhões de coroas suecas, o equivalente a 980 mil euros à conversão atual. O prémio Nobel da Paz é o único que é escolhido pela Academia Norueguesa; os restantes, em categorias que vão desde a economia até à física ou medicina, são escolhidos pela Academia Sueca e entregues em Estocolmo.
Por simbolismo, foi deixada uma cadeira vazia no palco da cerimónia, enquanto Kiana e Ali liam um discurso enviado pela mãe da prisão. “O povo iraniano, com perseverança, vai ultrapassar a repressão e o autoritarismo. Não tenham dúvidas, isto é uma certeza”, foi dito ouvir no discurso, lido em francês.
“Escrevo esta mensagem por trás das paredes altas e frias da prisão”, lembrando que tanto ela como vários ativistas no Irão passam por uma luta constante “para se manterem vivos”.
Em conferência de imprensa após a cerimónia, os filhos de Rahmani disseram que a mãe ia começar mais uma guerra de fome em solidariedade com a minoria religiosa de fé Baha’i.
Narges Mohammadi vai iniciar greve de fome no dia em que recebe o Nobel da Paz
Mohammadi é a segunda mulher iraniana a ganhar o prémio Nobel da Paz, depois a ativista Shirin Ebadi, em 2003, nota a Associated Press (AP).
Família não vê ativista há vários anos
A família de Mohammadi, que vive há algum tempo exilada em Paris, diz que não vê a ativista há anos. O marido, Taghi Rahmani, não a vê há 11 anos. A filha Kiana assumiu que não vê a mãe há sete anos e que tem pouca esperança de que o encontro aconteça em breve.
“Talvez a veja dentro de 30 a 40 anos, mas acho que não a vou ver novamente. Mas isso não importa, porque a minha mãe vai ver sempre no meu coração, são valores pelos quais vale a pena lutar”, citou a AP.