A seguir à pergunta “O que aconteceu a Alex Batty?”, a mais feita será “Onde estão a mãe e o avô?”. Cerca de três dias após ter sido encontrado a caminhar numa estrada em direção a Toulouse, França, depois de ter estado seis anos desaparecido, o jovem britânico, atualmente com 17 anos, está a começar a dar respostas.
O gabinete da procuradoria de Toulouse deu uma conferência de imprensa esta sexta-feira, em que deu conta de que o jovem decidiu abandonar a mãe, quando esta lhe contou que iam mudar-se para a Finlândia.
Segundo o procurador Antoine Leroy, citado pela BBC, Alex, a mãe, Melannie Batty, e o avô, David, adotaram um estilo de vida nómada desde que viajaram para Espanha, em 2017, e disseram à avó, Susan Caruana, — que detinha a sua guarda — que nunca mais voltariam.
Alex desapareceu em Espanha aos 11 anos. Seis anos depois foi encontrado em França
Alex revelou às autoridades que, depois de Málaga, os três viajaram para Marrocos e de seguida para os Pirenéus, onde foi mais tarde encontrado por um estudante de Medicina, que trabalha como estafeta de produtos de farmácia, que o levou às autoridades. No entanto, devido a este estilo “nómada”, não consegue indicar localizações exatas às autoridades.
Ainda precisamos de saber mais”, disse Leroy. “Havia uma fobia em relação a certos elementos da vida, o que significava que a família viajava numa comunidade de dez pessoas de cada vez”, continuou, acrescentando que eles viviam no “domínio de comunidade”.
Desta forma, as autoridades pensam que a mãe tenha ido mesmo para a Finlândia. No entanto, o procurador disse que a “única investigação a decorrer é na Grã-Bretanha”, não havendo, por isso, um mandado internacional para deter Melannie.
Além disso, as autoridades francesas acreditam que o avô de Alex “talvez tenha morrido há seis meses”. Apesar de o jovem ter dito que não foi ao funeral, mencionou que houve uma cerimónia na comunidade onde estavam por volta dessa altura.
O procurador voltou a assegurar de que estão a ser feitos todos os esforços para levar Alex de volta para a sua família, tendo dito que o jovem regressaria ao Reino Unido “provavelmente amanhã [sábado]”. Já este sábado sabe-se que, como previsto, Alex já se encontra em solo britânico tendo saído do avião, segundo o Daily Mail, com um skate debaixo do braço.
Questionado pelos jornalistas sobre detalhes das comunidades por onde o jovem passou ao longo dos últimos anos, o procurador disse que não havia quaisquer sinais de que fosse um “culto”, não havendo também informações sobre outras crianças presentes.
Uma das maiores dúvidas que paira sob a cabeça das autoridades é como foi possível “o jovem ter vivido isolado e longe das escolas, sem nunca ter levantado suspeitas”. Desta forma, esperam rastrear os últimos anos de Alex, para perceber se também falharam em localizá-lo.
O procurador disse ainda que, ao falar com ele, pareceu-lhe “um adolescente normal”, não dando sinais de ser iletrado, tendo em conta que esteve tanto tempo sem frequentar a escola.
Desta forma, as autoridades disseram que sempre foi “fácil” conversar com ele, tendo assim descoberto que trazia cem euros consigo para Toulouse e que conhecia bem a cidade, tanto que optou por aquela estrada, porque “sabia que havia diversos sinais a indicar Toulouse”.
O procurador revelou ainda que, apesar de não saberem “se Alex disse à sua mãe que ia deixar a comunidade”, o jovem caminhava de noite e dormia de dia, de forma a não ser avistado.
As autoridades referiram também que Alex Batty pode ter sido alvo de abusos sexuais, mas que este referiu que “não foi durante o seu tempo na comunidade, mas sim antes”. No entanto, disse que não queriam pressioná-lo a revelar mais e que esperam que se “abra mais” quando estiver próximo da família.
Alex Batty foi encontrado na terça-feira, quando um estudante o viu à beira da estrada e lhe perguntou se queria boleia. Após “mais de três horas à conversa”, o jovem revelou a sua identidade e disse queria voltar a encontrar-se com a avó.
Começou por mandar-lhe uma mensagem através do Facebook do estudante, mas, devido à ausência de resposta, manifestou interesse em ir à embaixada. O jovem acabou por levá-lo para a esquadra de Revel, perto de Toulouse, onde as autoridades confirmaram a sua identidade.
A polícia francesa colocou-o em contacto com a família, tendo feito videochamada com a avó. “Já falei com ele e é definitivamente ele. Quando ele estava connosco, falava com um menino. Agora, falei com um homem”, disse ao The Times.
Notícia atualizada às 21h37 deste sábado, dia 16/12, com a indicação de que Alex regressou ao Reino Unido