A escritora Filomena Marona Beja, de 79 anos, morreu na passada sexta-feira em Lisboa, tendo sido já realizadas, no último domingo, as cerimónias fúnebres, em Rio de Mouro, Lisboa, anunciou a sua editora.
A escritora encontrava-se internada no Hospital de S. José, em Lisboa, onde morreu, disse à agência Lusa o editor Marcelo Teixeira, tendo-se realizado as cerimónias fúnebres no passado domingo, em Rio de Mouro, no concelho de Sintra, onde a escritora residia desde 1967.
Filomena Marona Beja fez a sua estreia literária em 1998, com o romance “As Cidadãs”. Seguiram-se cerca de duas dezenas de obras, dispersas por géneros como o romance, o conto, a novela e a crónica.
Em paralelo, colaborou em várias publicações, nomeadamente para edições promovidas pela Associação Abril em Maio e pela Casa da Achada.
Publicada em Portugal e no estrangeiro, a escritora foi distinguida com o Grande Prémio de Literatura dst , em 2006, pelo título “A Sopa” e, no ano seguinte, com o Grande Prémio de Romance e Novela, da Associação Portuguesa de Escritores, por “A Cova do Lagarto”.
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Nesta obra, Marona Beja aborda a ditadura do Estado Novo e a transformação urbana do país, através de Duarte Pacheco, “A Cova do Lagarto o mítico e misterioso ministro das Obras Públicas” de Oliveira Salazar, conforme a apresentação da obra.
Na sua estreia literária com “As Cidadãs”, Filomena Marona Beja situou a ação no início do século XX, através da protagonista e da sua vida ligada à situação social e política do país, no termo da monarquia e na alvorada da I República, prestando atenção particular à condição da mulher na sociedade portuguesa da época.
Filomena Marona Beja nasceu a 9 de junho de 1944 em Lisboa, estudou no Lycée Français Charles Lepierre, também na capital, e na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, tendo desenvolvido a sua atividade profissional na área da documentação técnico-científica.
Da sua bibliografia constam obras como “Betânia” (2000), “A Duração dos Crepúsculos” (2006), “Bute Daí Zé” (2010), “Histórias Vindas a Conto” (2011), uma coletânea ilustrada com fotografias de André Beja, “Eléctrico 16” (2013), “Franceses Marinheiros e Republicanos” (2014), conjunto de novelas ilustrado pela artista plástica Maria José Ferreira, “Um Rasto de Alfazema” (2015), e “Avenida do Príncipe Perfeito” (2016).
Em abril de 2018 publicou “De Volta (aos contos)” .
“O património literário e humano que nos deixa é um exemplo maior de denúncia das injustiças sociais e constitui um grito vivo de defesa dos ideais de liberdade e de solidariedade, pelos quais sempre lutou e que abnegadamente defendeu”, destaca a editora Parsifal, referindo-a como “uma das vozes mais singulares da literatura portuguesa”.