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Os rebeldes houthis do Iémen, que ameaçaram retaliar pelos ataques aéreos dos Estados Unidos e do Reino Unido, desenvolveram capacidades militares, incluindo mísseis balísticos e de cruzeiro e drones, de acordo com dados da France Presse. Têm capacidade para atingir Israel, diz um especialista.
Alegando estar a agir em solidariedade com os palestinianos na Faixa de Gaza, território devastado pela guerra entre Israel e o Hamas, intensificaram os ataques contra navios mercantes no sul do Mar Vermelho, afirmando que apenas visam embarcações ligadas a Israel.
Após vários avisos, os Estados Unidos e o Reino Unido atacaram as instalações militares dos houthis, afirmando que pretendiam evitar ameaças à navegação internacional.
Estados Unidos e Reino Unido atacam no Iémen. “Querem aniquilar Houthis”
Os rebeldes apoiados pelo Irão começaram a desenvolver capacidades militares desde que tomaram o poder em 2014, com mísseis balísticos e de cruzeiro, bem como drones, fabricados com equipamento ou componentes iranianos, de acordo com especialistas em defesa.
O arsenal dos houthis inclui os Typhoons, uma versão remodelada dos mísseis iranianos Qadr, com um alcance de 1.600 a 1.900 quilómetros, explicou à France Presse (AFP) Fabian Hinz, especialista em armamento do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos.
“Não dispõem de uma grande capacidade de precisão, pelo menos as versões que foram mostradas, mas podem atingir Israel”, disse à AFP.
Quando o Irão testou estes mísseis em 2016, atingiu alvos situados a 1.400 quilómetros de distância.
Mohammed Albasha, especialista do grupo Navanti, sediado perto de Washington, salienta que os rebeldes revelaram o arsenal Typhoon apenas algumas semanas antes do dia 7 de outubro do ano passado, altura em que se registou o ataque sem precedentes do Hamas contra território israelita.
Os rebeldes iemenitas, que controlam uma grande parte do norte do Iémen, possuem também versões modificadas dos mísseis de cruzeiro Qods do Irão, segundo Fabian Hinz. Estes mísseis têm um alcance de cerca de 1.650 quilómetros.
Em 2022, os houthis afirmaram que os Qods tinham atingido instalações petrolíferas em Abu Dhabi, a capital dos Emirados Árabes Unidos, a 1.126 quilómetros do norte do Iémen. Estes mísseis já tinham atingido instalações na Arábia Saudita em 2020.
Os Emirados e a Arábia Saudita são membros da coligação militar que apoia o governo iemenita contra os insurgentes houthis desde 2015. A Arábia Saudita e os Estados Unidos acusam o Irão de fornecer equipamento militar aos houthis, apesar de Teerão negar as informações.
Os rebeldes afirmam produzir os próprios drones, que, segundo os especialistas, utilizam componentes iranianos importados ilegalmente.
Os houthis dispõem igualmente de drones de ataque Shahid-136, com um alcance de 2.000 quilómetros, que são também utilizados pela Rússia na guerra contra a Ucrânia, salienta Fabien Hinz.
Segundo os especialistas, os rebeldes houthis têm também drones Samad-3, com uma carga explosiva de 18 quilogramas e um alcance de cerca de 1.600 quilómetros, que já atingiram alvos nos Emirados e na Arábia Saudita.
Estes drones guiados por GPS “voam autonomamente ao longo de pontos de rota pré-programados” em direção aos alvos, escreveu o Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais em 2020.
Hoje, os rebeldes anunciaram que cinco combatentes foram mortos e seis ficaram feridos após os bombardeamentos dos Estados Unidos e do Reino Unido, em resposta aos ataques no Mar Vermelho.
O porta-voz militar dos houthis, Yahya Sarea, disse numa declaração transmitida pela televisão, em Sana, que os Estados Unidos e o Reino Unido lançaram um total de 73 ataques contra várias províncias controladas pelos houthis no Iémen, que mataram cinco membros e feriram outros seis.
O comando da Força Aérea dos Estados Unidos no Médio Oriente disse ter atingido mais de 60 alvos em 16 locais no Iémen, incluindo “bases de comando e controlo, depósitos de munições, sistemas de lançamento, instalações de produção e sistemas de radar de defesa aérea”.