O secretário de Estado Adjunto e das Infraestruturas, Frederico Francisco, defendeu, esta sexta-feira, que “é óbvio que faz sentido” a existência de uma estação de alta velocidade ferroviária em Gaia, até pela possibilidade de servir a zona ocidental do Porto.
“Quando as pessoas questionam se faz sentido o comboio de alta velocidade parar em Gaia e depois em Campanhã, a resposta é [que] é óbvio que faz sentido porque, por exemplo, para quem queira ir para a Boavista ou para o Campo Alegre, que são na margem norte, a saída em Gaia será a saída óbvia para quem vem de sul”, por causa da futura Linha Rubi do Metro do Porto, disse o governante.
Frederico Francisco falava durante a apresentação do Plano de Urbanização de Campanhã (PUC), que decorreu hoje na Câmara do Porto, e que será implementado ‘à boleia’ da chegada do comboio de alta velocidade à cidade. “As ligações por Metro do Porto tornarão essa viagem muito mais rápida”, considerou, referindo-se à futura Linha Rubi, que ligará Santo Ovídio, local da futura estação de alta velocidade, à Casa da Música através de uma nova ponte sobre o Douro, com estações intermédias em Soares dos Reis, Devesas (com ligação à estação na Linha do Norte), Rotunda, Candal, Arrábida e Campo Alegre.
Segundo Frederico Francisco, na Área Metropolitana do Porto (AMP), “a relação da estação de Campanhã com a futura estação de Gaia em Santo Ovídio, com a atual estação de Gaia, nas Devesas, todos eles ligados pelo Metro do Porto, vai dar a esta (…) cidade que de um lado se chama Porto e de outro se chama Gaia uma funcionalidade completamente distinta daquela que tem hoje”.
Aos jornalistas, disse ainda que a ideia da implantação da estação seguiu uma lógica de “ver como é que se integra com o sistema de transportes existente nas duas margens do rio, em particular com o Metro do Porto”. “Tendo em conta a futura rede de Metro do Porto, tem duas centralidades muito importantes: a muito óbvia de Campanhã, e passará a ter uma centralidade também muito óbvia em Santo Ovídio, onde se irá cruzar a linha Amarela existente com a futura linha Rubi”, assinalou.
O governante considerou ainda a existência da estação em Gaia “não prejudica, de maneira nenhuma”, a noção de alta velocidade, já que o comboio estará sempre a chegar ou a partir do Porto, ou seja, a baixa velocidade. “Em termos de tempo de viagem, uma vez que já estamos próximos de Campanhã, também não é um local onde os comboios tenham uma grande velocidade, ou seja, a penalização em termos de tempo de viagem também é pequena”, estimada em dois ou três minutos, numa viagem que, para Lisboa, deverá demorar uma hora e 15 minutos.
A existência da estação de Gaia “não significa, obrigatoriamente, que todos os comboios lá tenham que fazer paragem”, mas “os estudos de procura indicam é que será uma das estações mais interessantes” em termos de clientes. “Se nós olharmos para o que existe em muitas cidades europeias, é frequente haver duas ou mais paragens de comboios de longo curso, ou de comboios de alta velocidade dentro da mesma área metropolitana”, argumentou.
Além disso, a estação de alta velocidade em Santo Ovídio “tem um acréscimo de custos, em termos de construção, que não é muito significativo” face ao túnel já previsto, segundo Frederico Francisco.
A linha de alta velocidade deverá ligar Porto a Lisboa em cerca de uma hora e 15 minutos, com paragens possíveis em Gaia, Aveiro, Coimbra e Leiria. Gaia quer aproveitar a nova estação de alta velocidade para tornar a atual rotunda de Santo Ovídio numa praça de tomada e largada de passageiros, criando ainda um terminal intermodal junto a D. João II, consultou a Lusa.
A ligação aos transportes coletivos na zona ficaria garantida com ligações às linhas Amarela e Rubi do Metro do Porto, bem como à futura entrada sul na estação ferroviária de alta velocidade (subterrânea), tudo na mesma praça, incluindo um túnel de ligação entre comboio e metro.