A Microsoft volta aos despedimentos, desta vez com um corte de 1.900 postos de trabalho nas equipas da Xbox e da Activision Blizzard, a gigante de jogos cuja compra foi concluída há cerca de três meses. É o equivalente a um corte de 8% nas equipas de jogos.
A notícia foi avançada esta quinta-feira pelo site The Verge e pela Bloomberg, que citam um email enviado por Phil Spencer, o CEO da área de jogos da Microsoft. Na comunicação, é dito que “foram definidas prioridades, identificadas áreas de sobreposição” quando a Activision, a Blizzard e a King se juntaram ao universo da Microsoft.
“Como parte desse processo, tomámos a dolorosa decisão de reduzir a dimensão da nossa força de trabalho de jogos em aproximadamente 1.900 postos de um total de 22 mil pessoas na nossa equipa”, citam os dois órgãos de comunicação. Spencer explica no email que a empresa vai “disponibilizar apoio total a quem for afetado” pela decisão, “incluindo benefícios de compensação” de acordo com as leis laborais locais.
A compra da Activision Blizzard pela Microsoft, por 69 mil milhões de dólares, é vista como a maior aquisição na área dos jogos. A aquisição foi anunciada a 18 de janeiro de 2022, mas só ficou concluída a 13 de outubro de 2023, depois de passar pelo crivo de várias entidades da concorrência, incluindo a Comissão Europeia. A britânica CMA foi das entidades que mais trabalho deu à Microsoft, levando mesmo a tecnológica a apresentar uma reestruturação do negócio, indicando que ia abdicar dos direitos de streaming de jogos cloud a favor da francesa Ubisoft.
Microsoft reestrutura proposta de compra da Activision para tentar conquistar concorrência britânica
No email de Phil Spencer fica a garantia de que, daqui para a frente, a tecnológica “vai continuar a investir em áreas que permitam fazer crescer o negócio e apoiar a estratégia de levar mais jogos a mais jogadores em todo o mundo”. Embora reconheça o momento difícil, Spencer mostra-se “mais confiante do que nunca na capacidade de criar e acarinhar jogos (…)”, cita o The Verge.
Além dos despedimentos, também foi anunciado que Mike Ybarra, que foi nomeado presidente da Blizzard em 2021, decidiu abandonar a empresa. “Como muitos sabem, o Mike esteve mais de 20 anos na Microsoft [antes de assumir o cargo na Microsoft]. Agora que já concluiu a aquisição na qualidade de presidente, decidiu sair da empresa”, é possível ler num memorando interno, também divulgado pelo The Verge, e assinado por Matt Booty, presidente de conteúdos de jogos e estúdios da Microsoft.
No X, antigo Twitter, Mike Ybarra confirmou os despedimentos na divisão de jogos. “Quero agradecer a todos aqueles que foram impactados hoje pelos seus contributos relevantes para as equipas, para a Blizzard e para as vidas dos jogadores”, declarou, falando num dia “incrivelmente difícil”. Sobre a sua saída, disse que é tempo de “mais uma vez tornar-se o maior fã da Blizzard a partir do exterior”.
I want to thank everyone who is impacted today for their meaningful contributions to their teams, to Blizzard, and to players’ lives. It’s an incredibly hard day and my energy and support will be focused on all those amazing individuals impacted – this is in no way a reflection…
— Mike Ybarra (@Qwik) January 25, 2024
Nas últimas semanas têm sido anunciados vários cortes em empresas ligadas ao mundo dos jogos, como a Unity ou a Riot Games. Também o Discord e a Twitch, plataformas bastante usadas por jogadores, anunciaram despedimentos, assim como a Google.
Em janeiro de 2023, a Microsoft anunciou o despedimento de 10 mil pessoas. Meses mais tarde, já em maio, avançou para um despedimento coletivo em Portugal que, segundo informação apurada pelo Observador na altura, terá afetado 112 funcionários.
O Observador contactou a Microsoft para perceber se este decisão no mundo dos jogos poderá ter impacto em Portugal. Fonte oficial da empresa confirmou apenas a “autenticidade das cartas divulgadas no artigo do The Verge”, sem acrescentar mais informação.
(Atualizado com declarações de fonte oficial da Microsoft)