A Microsoft reestruturou a proposta de compra da empresa de jogos Activision Blizzard, numa tentativa de conquistar a aprovação da concorrência britânica ao maior negócio da história dos videojogos. O anúncio foi feito esta terça-feira, numa publicação assinada por Brad Smith, o presidente da tecnológica norte-americana.

É a maior reestruturação à proposta de aquisição, num negócio que ronda os 69 mil milhões de dólares. “Para responder às preocupações sobre o impacto da proposta de aquisição do streaming de jogos na cloud levantadas pela Autoridade de Concorrência e Mercados do Reino Unido [CMA], estamos a reestruturar a transação para adquirir um conjunto mais reduzido de direitos”, explicou Brad Smith.

A principal alteração é um acordo de venda com a empresa francesa Ubisoft, que se tornará efetivo se e quando o negócio for fechado. O acordo permitirá a transferência dos direitos de streaming na cloud para “todos os atuais e novos jogos da Activision Blizzard para PC e consola que sejam lançados ao longo dos próximos 15 anos”. A publicação de Brad Smith salienta que “os direitos são perpétuos”. Ou seja, com esta versão do negócio, a Microsoft não poderá ter jogos como “Overwatch” ou “Diablo” como exclusivos do Xbox Cloud Gaming ou “controlar exclusivamente os acordos de licenciamento” com empresas rivais.

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A passagem dos direitos de jogos para a Ubisoft vai ter aplicação global, à exceção da União Europeia. Como o negócio também passou pelo crivo da Comissão Europeia, a Microsoft destaca que vai cumprir “na totalidade as obrigações legais no âmbito do acordo” com Bruxelas. O negócio rebeceu luz verde da Comissão em maio. Além disso, também prometeu cumprir com as obrigações contratuais com outras empresas com quem já estabeleceu acordos – a Nvidia, Boosteroid, Ubitus e Nware.

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“Acreditamos que este desenvolvimento é positivo para os jogadores, para a progressão do mercado de streaming de jogos na cloud e para o crescimento da nossa indústria”, explicou Brad Smith.

A CMA disse que vai analisar a proposta reestruturada, prometendo uma primeira análise até 18 de outubro. Em comunicado, Sarah Cardell, líder da CMA, destacou que esta disponibilidade para analisar não é sinónimo de “luz verde”. “Vamos analisar cuidadosamente e objetivamente os detalhes da proposta reestruturada e o seu impacto na concorrência, incluindo comentários de terceiros.”

A CMA assegura que o seu objetivo “não sofreu alterações – qualquer decisão neste negócio terá de garantir que o mercado de jogos na cloud continua a beneficiar de concorrência aberta e eficaz para alavancar inovação e escolha”.

A Concorrência britânica chumbou o negócio no Reino Unido em abril, após uma investigação aprofundada e feita ao longo de vários meses. A CMA anunciou na altura que a fusão entre a dona do Windows e a responsável pelo jogo “Call of Duty” poderia ser “perigosa para a concorrência”.

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O negócio também foi analisado noutros pontos do globo e vai avançar em “mais de 40 países”, relembrou Brad Smith. A aquisição também foi investigada nos Estados Unidos e a Comissão Federal de Comércio tentou impedir a fusão através dos tribunais — em julho, um juiz da Califórnia deu razão à tecnológica, autorizando a continuidade do negócio.

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