Donald Trump vai ter de pagar 83,3 milhões de dólares (cerca de 77 milhões de euros) à escritora E. Jean Carroll por difamação, segundo determinou o Tribunal Federal de Manhattan esta sexta-feira. De acordo com o júri, 65 milhões de dólares (cerca de 60 milhões de euros) dizem respeito a “danos punitivos” e 18,3 milhões de dólares (cerca de 17 milhões de euros) a “danos compensatórios”, sendo que o antigo Presidente norte-americano já prometeu recorrer da sentença.
O julgamento que começou na semana passada e que foi deliberado pelo júri esta sexta-feira centra-se apenas nas declarações – agora consideradas difamatórias pela justiça – que Trump fez em junho de 2019, enquanto ainda era Presidente. O caso foi sendo adiado por quatro anos por recursos. O montante definido esta sexta-feira é oito vezes superior ao que a escritora exigia (9 milhões).
A colunista alega que Trump arruinou a sua reputação depois de o ter acusado publicamente, num livro de memórias, de abuso sexual no camarim de uma loja de departamentos de luxo. Trump negou veementemente as acusações nos últimos cinco anos e continua a atacar Carroll durante a campanha eleitoral que leva a cabo para tentar regressar à Casa Branca. Recorde-se que, em maio de 2023, o ex-Presidente dos EUA foi considerado culpado de abuso sexual sobre a antiga jornalista – os nove jurados do processo civil ilibaram-no da acusação de violação, que a vítima o acusava.
De acordo com a ABC7 News, o antigo Presidente norte-americano abandonou o tribunal antes de se conhecer o veredicto final, anunciado pelo júri praticamente três horas depois de terem começado as deliberações. Já a escritora sentou-se entre os seus advogados, Roberta Kaplan e Shawn Crowley, para ouvir o resultado.
Entretanto, Trump reagiu ao veredito, de que promete recorrer, e que classifica como “absolutamente ridículo”. Para o antigo Presidente dos Estados Unidos, o caso não passa de uma perseguição política. “Isto é uma caça às bruxas dirigida por Joe Biden contra mim e o Partido Republicano. O nosso sistema judicial está descontrolado, e está a ser usado como arma política”, escreveu Trump na rede social Truth Social.
Durante o julgamento, a escritora afirmou que o confronto com Trump destruiu a sua reputação e, por arrasto, a sua carreira como jornalista, quando negou as suas acusações de abuso sexual. “Ele mentiu e despedaçou a minha reputação”, garantiu. Além disso, contou que começou a receber ameaças de morte e que chegou a adotar um cão da raça pitbull e a comprar balas para uma arma que herdou do seu pai, para se proteger.