O novo Porsche Macan EV, que chegará ao nosso país na segunda metade do ano, promete ser uma boa proposta para quem deseja um SUV a bateria. De momento, o SUV mais compacto da Porsche disponibiliza duas versões, o Macan 4 e o Macan Turbo, ambos com dois motores e quatro rodas motrizes, com potências distintas e a mesma bateria, que reivindica uma capacidade útil elevada (96 kWh).
Foi precisamente esta elevada capacidade da bateria face à concorrência, que não se traduz numa vantagem tão evidente no capítulo da autonomia, que nos levou a apurar as características e a origem do acumulador que a Porsche monta neste seu mais recente eléctrico. Como o construtor alemão não fabrica células, para evitar o correspondente investimento, optou por adquirir baterias à chinesa CATL, que fornece o pack com 100 kWh total e 96 úteis. Este fabricante asiático, conhecido pelos seus preços reduzidos e com promoções, fornece igualmente muitos outros construtores, como por exemplo a Tesla, que produz o maior rival do Macan EV, o Model Y. Mas o construtor norte-americano só utiliza as células deste fabricante chinês (suportado pelo Estado) nas versões mais baratas e menos potentes dos Model 3 e Model Y, com a química LFP.
O Macan EV tenta mascarar uma menor eficiência com uma bateria com maior capacidade, com 96 kWh contra 75 kWh do Model Y, como fica provado pelo facto de o Macan 4 anunciar 613 km, ou seja, com um consumo de 15,7 kWh/100 km contra apenas 14,1 kWh/100 km do SUV da Tesla. Mas a Porsche está a avançar no bom caminho, uma vez que o Macan EV é melhor do que o Taycan, em matéria de eficiência. Basta verificar que aos 15,7 kWh/100 km conseguidos pelo Macan 4, a versão correspondente do Taycan, a 4S, percorre 511 km com 83,7 kWh de bateria, o que aponta para 16,4 kWh/100 km. Isto apesar de o Macan ter um Cx menos bom e ser ligeiramente mais pesado, o que confere outra dimensão à diferença encontrada.
Ruído de motor artificial do Macan lembra o Clio
Para ajudar a suavizar a transição para a mobilidade eléctrica dos clientes que desejem optar pelo Macan EV, a Porsche propõe para o SUV, como equipamento opcional, o Electric Sport Sound, que em Portugal obriga a um investimento adicional de 467,40€. Na prática, trata-se de um simulador do roncar de um motor de combustão, que apenas é ouvido no interior do veículo, uma vez que é difundido pelo sistema de hi-fi do carro.
Este tipo de gadget não é novo, existindo mesmo nos tempos em que apenas existiam carros a combustão e quando os eléctricos não eram o segmento que mais crescia. Vem à memória o Renault Clio, que equipou o pequeno e acessível utilitário com uma série de ruídos falsos de motores, permitindo assim animar quem viajava a bordo, com ênfase nos mais jovens.
Ao contrário roncar fake do Macan, que pode ouvir em cima num vídeo publicado pela Carscoops, o Clio equipado com o pequeno motor 1.2 a gasolina ia mais longe e imitava um 3.0 V6 atmosférico do Clio V6, o 2.0 do Clio RS, o 3.5 V6 do Nissan GT-R ou o tradicional bicilíndrico da Harley-Davidson. E, para os mais futuristas, o utilitário francês até imitava o ruído de uma nave espacial, mas o (in)sucesso foi tal que este sistema (em baixo), que surgiu na década passada, nunca mais voltou a ser proposto.
