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O chefe da diplomacia europeia pediu esta sexta-feira seriedade ao antigo Presidente norte-americano, rejeitando a ideia de fazer da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) uma “aliança ‘à la carte'” ao mesmo tempo que criticava os EUA por estarem a fornecer armas a Israel.
“Deixem-me ser sarcástico (…). Durante esta campanha vamos ouvir demasiadas coisas. Vamos ser sérios: a NATO não pode ser uma aliança militar ‘à la carte’, não pode ser uma aliança militar dependente de como o Presidente dos Estados Unidos está a cada dia. Sim, não, amanhã isto, depois aquilo”, respondeu Josep Borrell, em Bruxelas, após ser questionado sobre as declarações de Donald Trump durante o fim de semana.
À entrada para uma reunião de ministros com a pasta do desenvolvimento, o alto-representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros insistiu no apelo à seriedade do antecessor do democrata Joe Biden em Washington.
“Vamos ser sérios. A NATO não pode ser uma aliança ‘à la carte’. Ou existe ou não existe. Não vou perder o meu tempo a comentar cada ideia tonta que surgir nesta campanha eleitoral nos Estados Unidos”.
O antigo Presidente dos Estados Unidos Donald Trump sugeriu deixar a Rússia atacar qualquer país que pertença à Aliança Atlântica e que tenha as contribuições para a organização político-militar ou o investimento em defesa abaixo do expectável.
Trump diz que “encorajaria” Putin a invadir países da NATO que não paguem o suficiente
O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, considerou que as declarações de Donald Trump são prejudiciais para os 31 países, incluindo Portugal, que compõem a organização.
UE critica EUA por apelo à contenção de Israel enquanto fornece armas
Por outro lado, Borrell criticou a postura dos Estados Unidos da América (EUA) de apelarem à contenção de Israel em Gaza, mas continuarem a fornecer armamento.
“Até o Presidente dos EUA disse ontem [domingo] que as operações [militares de Israel] já são desproporcionadas, excessivas, que o número de vítimas mortais é intolerável”, sustentou o chefe da diplomacia europeia que pediu a Washington “mais do que palavras”.
“A UE também acredita que o número de vítimas mortais é intolerável, há possibilidade de o fazer baixar? A UE não está a fornecer armas a Israel, outros estão”, acrescentou Josep Borrell.
Os governantes europeus reúnem-se esta sexta-feira com o subsecretário-geral das Nações Unidas e responsável pela Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA) Philippe Lazzarini.
O responsável da principal agência das Nações Unidas para apoiar a população palestiniana vai fazer um ponto de situação sobre as contribuições para a organização e também o inquérito que está em curso para averiguar a alegada participação de elementos da organização nos atentados de 7 de outubro de 2023 em Israel.
A acusação foi feita por Telavive e levou vários países a suspenderem o apoio à agência. Portugal e outros países optaram pelo reforço das contribuições, face à suspensão do financiamento de outros países, como o Reino Unido e a Alemanha.