Quase 20% dos jovens que respondeu a um estudo nacional sobre violência no namoro sofreu violência sexual, revelou esta quarta-feira a União das Mulheres Alternativa e Resposta, indicando que se registou um aumento em relação ao ano passado.

O estudo nacional sobre violência no namoro, realizado pela União das Mulheres Alternativa e Resposta e apresentado esta quarta-feira no Porto, teve uma amostra de 6.152 jovens, com idade média de 15 anos e a frequentar entre o 7.º e o 12.º ano, que responderam a um conjunto de questões, agrupadas em seis categorias de forma de violência: controlo, psicológica, através das redes sociais, perseguição, sexual e física.

Em relação à vitimação, o estudo mostra que se registou apenas um único comportamento abusivo, que foi o da violência sexual em que se observou um aumento percentual de um ano para o outro.

Segundo a amostra, 18,5% (726) dos jovens reportou que já sofreu violência sexual numa relação de intimidade, enquanto no ano passado foi 14,9% (589) de jovens.

Uma das coordenadoras do estudo, Maria José Magalhães, salientou que “o resultado mais surpreendente neste inquérito foi o da violência sexual”, em que quase um quinto das jovens afirmaram que já foram alvo de violência sexual e de controlo.

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A responsável considerou que há um “longo percurso a fazer” para a prevenção destes comportamentos ao longo da vida.

Segundo o estudo, a violência psicológica, de controlo e através das redes sociais são os comportamentos mais reportados por adolescentes e jovens.

Em conferência de imprensa, as responsáveis pelo trabalho, Maria José Magalhães, Margarida Pacheco e Margarida Alves, referiram que 45,5% (1.791) dos jovens admitiram ter vivenciado uma situação de controlo por parte do parceiro – 47,1%, (1.037) das raparigas, 43,2% (723) dos rapazes e 57,5%% (23) dos que têm outras identidades de género.

À exceção da violência física, notam-se maiores percentagens nos indicadores de vitimação entre jovens que se identificam com o género feminino, quando comparadas com o género masculino.

As pessoas que se identificaram com outros géneros reportaram, em geral, percentagens mais elevadas no que respeita aos indicadores de vitimação, o que segundo as autoras deste estudo “leva a uma importante reflexão sobre as experiências de violência vivida por grupos sociais com características identitárias não normativas”.

Do total de jovens que indicou uma relação de namoro, 20,4% disseram ter sido vítimas de perseguição, 20,7% de violência através das redes sociais, 18,5% de violência sexual e 11% de violência física.

No que refere à legitimação da violência no namoro, cerca de 68% dos jovens não percecionam como violência no namoro pelo menos um dos quinze comportamentos questionados.

O género masculino apresenta maiores níveis de legitimação para todas as formas de violência no namoro, comparando ao género feminino.

Comparando os resultados do atual estudo com o realizado no ano passado, verifica-se um aumento na legitimação de comportamentos de controlo, perseguição e violência física.

Este trabalho foi desenvolvido no âmbito do projeto ART’THEMIS+ (Jovens Protagonistas na Prevenção da Violência e na Igualdade de Género), com recurso à aplicação de um questionário sobre violência no namoro aprovado pelo Ministério da Educação.

Da amostra total de jovens (6.152), 54,1% eram raparigas, 44,3% eram rapazes, 1,1% de outras identidades (inclui pessoas não binárias, género neutro, género fluído, terceiro género e ‘queer’, entre outros) e 0,5% não responderam.