A Cooperativa de Solidariedade Social da Guarda (CERCIG) está a reabilitar uma antiga pensão no centro da cidade para transformar em alojamento urgente para mulheres e crianças vítimas de violência doméstica, num conceito diferente das respostas existentes.
“O equipamento será destinado a pessoas que estão numa situação temporária e urgente que precisam de apoio, especialmente vítimas de violência doméstica. Mas não quer dizer que não possamos vir a ter outro tipo de beneficiários, como imigrantes e refugiados”, disse à agência Lusa, Ricardo Antunes, diretor geral da CERCIG.
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Com o Alojamento Urgente e Temporário, a CERCIG pretende “contribuir para a inclusão social, proteção e autonomização das pessoas em situações de risco e emergência”.
A Cooperativa, que tem Joaquim Brigas como presidente do Conselho de Administração, vai disponibilizar também apoio psicológico e jurídico para que “as vítimas possam recuperar a sua autonomia e reinserção na sociedade”.
Ricardo Antunes sublinhou que a CERCIG quer especializar-se no apoio às vítimas de violência porque reconhece que “há uma grande carência a nível nacional” neste tipo de respostas.
O equipamento terá nove unidades de alojamento, com diversas tipologias, com capacidade para alojar 32 pessoas.
Para Ricardo Antunes trata-se de uma “resposta social inovadora” tendo a CERCIG sido das primeiras a assinar o protocolo para a concretização do projeto.
O Alojamento Urgente e Temporário da CERCIG é comparticipado em cerca de 1,3 milhão de euros pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
A CERCIG apostou num conceito “diferente” daquilo que já existe neste tipo de respostas. “Mesmo sendo um único edifício vai funcionar com tipo mini apartamentos de várias tipologias. Para dar mais dignidade e privacidade às pessoas”, salientou Ricardo Antunes.
“Vai ser muito diferente do que ficar em casas abrigo, em camaratas, em quartos duplos ou triplos. As pessoas vão ter o seu próprio espaço”, realça o dirigente.
Todas as unidades de alojamento vão estar equipadas com zona de cozinha e sanitários. Mas também haverá também espaços comuns como salas de refeições, de estar e de convívio.
A ideia de apostar numa resposta dirigida às vítimas de violência doméstica surgiu da vontade da proprietária da antiga pensão que inicialmente doou o imóvel à CERCIG. Mas depois de um desentendimento com a doadora, já após a aprovação do projeto pelo PRR, a CERCIG decidiu adquirir o edifício por 350 mil euros e mais duas frações contíguas, para assegurar o projeto e a verba aprovada.
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A obra começou no início do ano e tem um prazo de execução de 15 meses.
A CERCIG, fundada em 21 de julho de 1977, tem atualmente 14 respostas sociais acompanhando cerca de duas mil pessoas. Conta com cerca de 100 colaboradores.
Presta apoio na área da intervenção precoce, aos alunos com necessidades educativas especiais, desenvolve atividades para jovens e adultos com deficiências graves e promove a qualificação das pessoas com deficiência ou incapacidades.
Tem ainda um lar residencial, residências autónomas, presta serviço domiciliário e é entidade coordenadora do programa de distribuição alimentar.