O antigo ministro socialista Capoulas Santos lamentou esta quarta-feira que, durante a governação socialista, tenha continuado uma “amputação” de competências do Ministério da Agricultura, mas também acusou a “direita” de estar “capturada” por interesses privados.
Estas posições foram transmitidas pelo antigo ministro da Agricultura Capoulas Santos no comício da Casa do Campino, em Santarém, num discurso em que se referiu a algumas das causas dos protestos dos agricultores em Portugal.
“Uma das razões nacionais que conduziu ao protesto dos agricultores teve a ver com a desvalorização que no nosso Governo também fizemos do setor agrícola. O nosso Ministério da Agricultura foi substancialmente amputado, foi reduzido nas suas competências e nos seus meios de atuação”, declarou.
A seguir, já na parte final do seu discurso, Capoulas Santos atacou o projeto da Aliança Democrática (AD) para o setor da agricultura.
“Só o PS pode fazer o que é preciso fazer, porque só o PS não está capturado por interesses privados. Não estamos dependentes de nenhuma organização agrícola. Só o PS pode tratar todos os agricultores por igual, sem nenhuma distinção, porque em Portugal não temos uma agricultura. Temos várias agriculturas”, sustentou.
Na sua intervenção, o antigo ministro da Agricultura começou por sustentar que, antes da adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia, este setor era quase medieval e agora concorre com alguns dos países mais competitivos do mundo, dando como exemplo o setor do azeite.
“Diz-se com razão que num tomate há mais tecnologia do que num Ferrari. Como no Alqueva, criámos maior eficiência com a utilização da água. Mas a agricultura, infelizmente, só é notícia quando há grandes intempéries”, lamentou.
De acordo com Capoulas Santos, os anos de governos do PS mostram “maior crescimento, emprego, educação, mas também na agricultura”.
“A direita foge da nossa herança como o diabo da cruz. Não está tudo bem na agricultura”, assumiu. Para Capoulas Santos, é preciso casar a agricultura com o combate às alterações climáticas, mas não se pode ser irresponsável.
O antigo ministro da Agricultura advertiu ainda para a incerteza em relação ao futuro com o alargamento da União Europeia, sobretudo com a provável entrada da Ucrânia, “que é uma superpotência” no setor primário. Para o efeito, sugeriu que se forme uma frente no Conselho e no Parlamento Europeu em defesa da agricultura portuguesa.
No primeiro discurso da noite, o presidente da Federação de Santarém, Hugo Costa, elogiou a mobilização conseguida pelos socialistas para o comício, defendeu que Pedro Nuno Santos é o candidato mais bem preparado para ser primeiro-ministro e que Portugal “não pode arrastar os pés”.
“Portugal precisa da visão de Pedro Nuno Santos e de alguém com capacidade de rasgar horizontes”, numa intervenção em que prestou homenagem ao capitão Salgueiro Maia pela revolução de 25 de Abril de 1974.
“Temos de cerrar fileiras em defesa da democracia”, declarou, antes de se referir “a cortes de pensões” pelo executivo de Passos Coelho entre 2011 e 2015 e de elogiar os últimos oito anos de governos de António Costa.
“Mas estes anos não foram isentos de erros. Neste início de ciclo, temos de fazer essa análise. Só o PS pode fazer melhor”, advogou Hugo Costa, deputado socialista.
Hugo Costa advertiu ainda que “não se pode confiar que a direita não se vai entender com a extrema-direita” após as eleições legislativas de 10 de março.
“Todos os sinais indicam o contrário”, completou o presidente da Federação de Santarém do PS.