O líder da Aliança Democrática (AD), Luís Montenegro, foi atingido esta quarta-feira com tinta por estudantes pertencentes ao movimento pelo fim ao fóssil durante uma ação de campanha em Lisboa.

Montenegro estava com uma comitiva na Feira Internacional de Lisboa (FIL), no Parque das Nações, para participar num evento na Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL) quando um jovem se aproximou e despejou uma lata de tinta verde sob a sua cabeça. Em declarações aos jornalistas pouco depois do incidente, o líder do PSD lamentou a situação. “Pontaria não faltou. Queria apenas lamentar este episódio. Era mais fácil termos conservado e dialogado”, afirmou.

“Espero que a juventude portuguesa possa abraçar causas, mas que não tenha de estragar o normal funcionamento [da democracia]”, acrescentou. Ao contrário de Nuno Melo, que também participava na ação de campanha e que falou em ato “cobarde”, Montenegro recusou sugerir que há uma instrumentalização destes grupos ambientais por parte de outras forças partidárias. “Por mais tinta que me atirem, serei o mesmo. Não me desviarei do caminho”, garantiu. Mais tarde viria a confirmar que ainda esta quarta-feira vai apresentar queixa contra quem lhe atirou tinta.

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Na sequência do episódio o primeiro-ministro, António Costa, deu instruções para que a PSP disponibilize segurança pessoal aos líderes dos partidos com assento parlamentar que o pretendam. Fonte do gabinete do chefe do Governo disse à agência Lusa que António Costa já falou com Luís Montenegro, tendo-lhe transmitido a sua decisão.

A ação foi reivindicada por jovens do movimento fim ao fóssil, que consideram que nenhum partido tem um plano adequado à realidade climática. “Nenhum programa político prevê como vamos fazer a transição justa nos prazos da ciência (…) Vivemos em emergência climática. Nenhum partido tem legitimidade para criar governo se continuar a ignorar a maior crise que a humanidade já enfrentou”, afirmou Vicente Magalhães, estudante e porta-voz desta ação, num comunicado enviado às redações.

Quanto ao PSD, o movimento refere que o partido defende o sistema fóssil e que coloca o lucro à frente da vida. “Eles nunca vão resolver esta crise. Se respeitassem os jovens não estariam a condenar o nosso futuro em nome do lucro”, disse ainda Matilde Ventura, também estudante e porta voz da ação.

À Rádio Observador a Polícia de Segurança Pública (PSP) confirmou que deteve o jovem que atirou tinta a Luís Montenegro e que identificou outras quatro pertencentes ao mesmo movimento. Num comunicado posterior às redações, a PSP divulgou mais detalhes sobre o incidente, esclarecendo que detetou um grupo com “comportamento suspeito”. Quatro dos jovens, que tinham sua posse uma lata de tinta, foram “abordados de imediato”, mas um outro acabou por conseguir atingir o líder da Aliança Democrática, bem como outros membros da comitiva.

Os líderes partidários, em campanha em várias zonas do país, foram rápidos a criticar a ação contra Montenegro. O líder do PS, Pedro Nuno Santos, lamentou o sucedido e sublinhou que não se deve voltar a repetir-se, enquanto a coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, descreveu o incidente como um “ataque à democracia” e “a pior defesa da causa” climática. A líder do PAN, Inês Sousa Real, afirmou que esta não é a forma mais correta de lutar contra as alterações climáticas, sublinhando que não tem qualquer ligação a estes movimentos da sociedade civil.

Já Rui Rocha, da Iniciativa Liberal, descreveu um ato “inaceitável” e “contraproducente” e Rui Tavares, do Livre, defendeu a adequação entre meios e fins e apelou a uma “campanha segura”, em que “não exista qualquer violação do espaço físico de quem nela participa”. André Ventura também condenou o ataque com tinta a Montenegro, que descreveu como um “ato desprezível e de cobardia”.