O Partido Trabalhista Português (PTP) apresenta-se a votos com a dupla tarefa de “combater o fascismo e esclarecer as pessoas”, defendendo que a justiça deve ser a primeira área a merecer a intervenção de um futuro governo.

O líder do PTP, José Manuel Coelho, está consciente de que “é difícil, mas não impossível” eleger um deputado no círculo de Lisboa, um dos três a que o partido concorre, depois de ter obtido 3.616 votos (0,06%) em 2022, 8.299 votos (0,16%) em 2019 e 16.895 (0,30%) em 2011.

“Queremos ajudar as forças democráticas a terem mais um representante, ajudar a democracia conquistada com o 25 de Abril”, porque é essencial “combater um Governo de direita”, disse José Manuel Coelho, em entrevista à agência Lusa.

O cabeça de lista do PTP pelo círculo de Lisboa, que se descreve como “um homem de Abril”, considera que, atualmente, “as forças democráticas estão numa fase de recuo, porque as forças do passado vão instrumentalizando e enganando as massas, com ideias falsas que são miragens”.

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Por isso, entende que o seu partido tem dupla tarefa de “combater os fascistas e esclarecer as pessoas”, sob penas de os portugueses serem levados “para uma situação calamitosa oposta à da revolução de Abril”, que foi feita que o país tivesse “uma sociedade moderna e evoluída”, na qual estejam garantidos dos direitos dos trabalhadores, o que “não acontece atualmente”.

A justiça é, segundo PTP, a primeira área a precisar de intervenção, porque “transitou incólume do Estado Novo para a democracia”, e é o único órgão de soberania não eleito.

“Em Portugal, há uma falha grave. Temos três órgãos de soberania que são eleitos [Presidente da República, Assembleia da República e Governo) que são eleitos, um e quarto que não é, a justiça”, disse, defendendo que “os órgãos que dirigem os juízes sejam eleitos pelo povo”.

Segundo José Manuel Coelho, “é preciso acabar com uma justiça com dois pesos e duas medidas” que atua de forma diferente “na criminalidade de delito comum” e vai “protelando quando se trata dos grandes senhores”.

O PTP defende também um reforço do sindicalismo, atividade com a qual “os partidos de direita querem acabar”, porque “os donos dos meios de produção não querem pagar aos trabalhadores”, e considera essencial “combater a precariedade no trabalho”, bem como “acabar com empresas de trabalho temporário e com os chamados recibos verdes”.

José Manuel Coelho comentou a atual situação que se vive nas forças de segurança, saudando “a luta dos polícias”. “Durante muitos anos, eles [os polícias] vinham bater nos grevistas, hostilizá-los. Agora eles estão a ver que também precisam. A greve é uma arma importante para repor o poder de compra”, considerou

O PTP, o quarto partido menos votado das legislativas de 2022, quer apostar na criação de um ministério da Habitação, que possa regular o mercado, e defende que “a recuperação da economia só é possível “através da injeção de dinheiro, feita através dos trabalhadores”.

Na área da Saúde, o partido, fundado em 2009, defende um reforço significativo do Serviço Nacional de Saúde (SNS), “uma conquista de Abril”, através de dotação de mais meios humanos e técnicos.

Ciente de que os poucos meios de que o PTP, que concorre aos círculos do Lisboa, Porto e Madeiram, dispõe dificultam a chegada da mensagem do partido às massas, José Manuel Coelho garante que o partido vai apostar numa campanha de proximidade, e considera importante uma repartição de votos, e não uma maioria absoluta.

“A política ganha com várias cabeças a pensar uma coisa”, disse, exemplificando: “O camarada António Costa quando governou aliado ao PCP e ao Bloco a ‘coisa’ conduziu-se bem. Depois quando teve maioria absoluta foi um desastre”.

Mais de 10,8 milhões de portugueses são chamados a votar em 10 de março para eleger 230 deputados à Assembleia da República. A estas eleições concorrem 18 forças políticas, 15 partidos e três coligações