Um tribunal iraniano condenou a três anos de prisão o cantor popular Shervin Hajipour, cuja canção “Baraye” se tornou o hino do movimento de protesto que abalou o Irão no final de 2022, anunciou hoje o artista. O artista, de 26 anos, foi considerado culpado de “incitar e provocar motins com o objetivo de perturbar a segurança nacional”, de acordo com a mensagem publicada pelo artista na sua conta do Instagram.

“Pelas mulheres, pela vida, pela liberdade”. Irão detém intérprete de música que se tornou hino de protesto

Este veredicto não foi confirmado pelos tribunais nem pela comunicação social oficial. Shervin Hajipour, atualmente em liberdade depois de pagar uma fiança, também anunciou que foi condenado por “propaganda contra o poder”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O cantor pop escreveu e lançou “Baraye” (“Para”) após o início dos protestos na sequência da morte, em setembro de 2022, de Mahsa Amini, uma mulher de 22 anos presa por não, alegadamente, não usar corretamente o véu islâmico (‘hijab’), obrigatório no Irão. O vídeo de “Baraye” tornou-se rapidamente viral nas redes sociais, tendo Shervin Hajipour sido detido e depois libertado sob fiança.

Em fevereiro de 2023, “Baraye” recebeu um Grammy especial nos Estados Unidos como melhor música para mudança social. O prémio foi entregue por Jill Biden, mulher do Presidente norte-americano Joe Biden, numa cerimónia em que elogiou o “apelo poderoso e poético à liberdade e aos direitos das mulheres” no Irão.

A música foi tocada durante uma celebração na Casa Branca para marcar o Nowruz, o Ano Novo persa, em março de 2023.

Já no início desta semana, um outro cantor iraniano – Mehdi Yarrahi – foi condenado por divulgar uma canção em que apela às mulheres para que retirem o véu islâmico, sendo obrigado a cumprir uma pena de um ano em vigilância com pulseira eletrónica.