Começou a ganhar força como chavão na última temporada, teve um redobrado peso depois do que se passou em 2023. “Conseguirá alguém fazer o mínimo de sombra a Max Verstappen e à Red Bull?”, questionava-se no lançamento do Mundial de Fórmula 1, no Bahrain. Antes de os motores se fazerem ouvir, a resposta era mais ou menos simples: “Não”. Agora, depois da realização das primeiras três sessões de treinos livres, a resposta continuava na mesma: “Não”. No entanto, com uma espécie de asterisco com a frase “A não ser que…”. E foi essa nuance que marcou período antes da primeira classificação do ano, antes do Grande Prémio inaugural marcado para a tarde deste sábado. Porquê? Porque todos conseguiram algo… menos o neerlandês.

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Conseguiu Daniel Ricciardo, da RB, que saiu da primeira sessão de treinos livres de forma inesperada com o melhor tempo à frente dos McLaren de Lando Norris e Oscar Piastri (num pódio que poderia ser o de ligação aos fãs desde que começou a série “Drive to Survive” na Netflix). Conseguiu Lewis Hamilton, que em ano de despedida da Mercedes a caminho da Ferrari foi o mais rápido da sessão vespertina desta quinta-feira tendo logo atrás de si George Russell e Fernando Alonso. Conseguiu Carlos Sainz Jr., que na despedida da Ferrari ainda sem o futuro confirmado foi o melhor na terceira sessão de treinos livres esta manhã, à frente de Alonso (que se mostrou surpreendido com a rapidez do Aston Martin). De Red Bull, de Max Verstappen ou até de Sergio Pérez, pouco ou nada se falou em pista – pelo menos até à primeira qualificação do ano.

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Fora do circuito, a história foi outra com Chris Horner a assumir o protagonismo. Após ter sido ilibado no processo interno que estava a decorrer na sequência da denúncia de uma funcionária por “comportamento inapropriado” (com o alegado envio de mensagens de cariz sexual por parte do britânico), o diretor da Red Bull manteve-se no cargo por ter conseguido convencer o advogado especialista neste tipo de casos que estava a conduzir a investigação mas nem por isso a polémica esfriou, com dois emails anónimos a chegarem às contas dos funcionários da Federação Internacional do Automóvel (FIA) e alguns jornalistas que acompanham a Fórmula 1 contendo a mensagem “Após a recente investigação e declarações da Red Bull, terá interesse em ver os documentos anexados” e alegadas provas das referidas comunicações de Chris Horner.

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“Estou aliviado pelo processo ter chegado ao fim mas não posso comentar mais nada. O nosso foco está agora no Grande Prémio e na temporada que aí vem, de maneira a defendermos os nossos títulos. Estou feliz por estar aqui no Bahrain. A união na equipa nunca foi tão grande”, referiu o diretor. “Não vou comentar especulações mas nego as acusações. Respeitei a integridade da investigação independente e cooperei totalmente em cada etapa do processo. Foi uma investigação completa e justa realizada por um advogado experiente e resultou na rejeição da queixa”, acrescentou depois das notícias sobre os tais emails. O assunto pode ter sido resolvido em termos internos mas promete continuar a ser falado nos bastidores.

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Era neste contexto que a Red Bull enfrentava a primeira qualificação da época. Regressados às pistas, e na hora das primeiras decisões, afinal nada mudou e Max Verstappen voltou a conseguir ser o melhor entre os mais rápidos, garantindo a pole position para a corrida deste sábado. “Foi muito divertido, apesar de todas as dificuldades em conseguir fazer uma volta mais rápida perante o vento. Estou muito contente de poder arrancar da primeira posição, embora tenha sido algo inesperado. Agora vou confiante para a corrida, veremos o que conseguimos fazer”, comentou o tricampeão na zona de entrevistas rápidas.

Verstappen ficou com o melhor tempo da sessão depois uma volta de 1.29,179, à frente do Ferrari de Charles Leclerc (1.29,407, a 0,228 do neerlandês). “Estou um pouco dececionado porque fizemos uma qualificação boa e tivemos um bom começo de temporada. O tempo estava no carro mas perdi um bocado de ritmo na Q3. Ainda assim, foi uma boa qualificação e creio que demos um passo em frente, mesmo sabendo que os Red Bull continuam à frente em corrida”, referiu o monegasco. George Russell ficou com o terceiro registo a 0,306 do Red Bull, bem melhor do que o companheiro de equipa Lewis Hamilton que, apesar de prometer muito nos treinos livres, não foi além da nona posição. Carlos Sainz Jr. (Ferrari) e Sergio Pérez (Red Bull) fecharam o top 5, com Fernando Alonso em sexto mas mais rápido do que em 2023 no Bahrain.