Dois eleitos pelo PAN nas últimas eleições autárquicas apresentaram a desfiliação do partido esta segunda-feira. Acusam a direção nacional de “desnorte” e “desrespeito institucional” durante a campanha eleitoral, após uma ação em Faro da qual tiveram conhecimento “no próprio dia”. Paulo Baptista, membro da Assembleia Municipal de Faro e representante na Comunidade Intermunicipal do Algarve, e Elza Cunha, candidata à Câmara Municipal de Faro nas últimas eleições autárquicas e membro suplente da Assembleia Municipal, informaram os órgãos para os quais foram eleitos da sua intenção de passarem a deputados independentes.
Elza Cunha garante que foram “atropelados e marginalizados”. Em declarações ao Observador, garante que “a nova direção do partido começou a ter formas de dirigir o partido de maneira muito pouco adequada”, afirma, denunciando uma “grande asfixia democrática“. “Quem não concordasse com as decisões dos órgãos centrais era marginalizada, mesmo ao nível das redes sociais”, acusa, garantindo que o trabalho feito pelos órgãos locais “deixou de aparecer” nestes meios de divulgação do partido.
“Se observarmos as redes sociais locais do PAN Algarve, verificamos que existe um boicote assumido à atividade política desenvolvida pelos eleitos locais. Deixou de ser um espaço de divulgação de atividades políticas e reflexões sobre aspetos da região e passou a ser um espaço de propaganda e culto da imagem da sua Porta-Voz e membros da CPD”, acrescenta. Alega ainda que as eleições internas “decorreram com muitas ilegalidades”, assinalando que “um dos membros filiou à última hora toda a família”.
Fonte oficial da direção nacional do partido liderado por Inês Sousa Real diz ao Observador que o PAN tem sido “prejudicado por ações de pessoas que renunciaram aos seus cargos e, mais tarde, vieram a abandonar o partido, mostrando que colocam os interesses pessoais acima das causas e aderindo, depois, a outras forças políticas”. A mesma fonte acrescenta que os “dois ex-filiados integraram listas à distrital de Faro e ao último congresso e não foram eleitos“.
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Os ex-PAN, que divulgaram um comunicado, apontam “inúmeras situações que têm ocorrido na vida pública e interna do partido, que culminaram no desrespeito institucional pelos eleitos locais, aquando da deslocação da porta-voz do PAN a Faro, no âmbito da campanha eleitoral, no passado dia 26 de fevereiro”. Segundo o relato, partilhado num comunicado, contam que “foi às cinco da manhã” que lhes chegou a informação de que a porta-voz do partido estaria em Faro. A situação é tida como o “reflexo de um modo de relacionamento com os eleitos locais na região, que “encaram com desânimo o desnorte de uma direção nacional que transformou o partido numa organização política cada vez mais distante dos seus princípios orientadores colada ao ‘centrão’”.
Fonte oficial da direção recorda ao Observador que foi eleita em congresso com 72% dos votos. “Por isso, está legitimada e empenhada em fazer cumprir o programa do PAN e em voltar a ter um grupo parlamentar para poder defender melhor as Pessoas, Animais e Natureza”, assegura.