O Presidente da Polónia apelou, esta segunda-feira, aos membros da NATO para aumentarem os gastos em defesa para 3% do PIB, numa fase em que a Rússia colocou a sua economia em estado de guerra perante a invasão da Ucrânia.
Andrzej Duda fez o seu apelo em declarações em Varsóvia e num artigo publicado pelo jornal The Washington Post, na véspera de uma visita à Casa Branca, onde o chefe de Estado e o primeiro-ministro da Polónia, Donald Tusk, serão recebidos pelo Presidente norte-americano, Joe Biden.
“As ambições imperialistas e o revisionismo agressivo da Rússia estão a empurrar Moscovo para um confronto direto com a NATO, com o Ocidente e, em última análise, com todo o mundo livre”, disse Duda no artigo de opinião.
Os membros da NATO concordaram em 2014 em aumentar as suas despesas com defesa para 2% do Produto Interno Bruto (PIB) depois de a Rússia anexar a península ucraniana da Crimeia nesse mesmo ano, mas a maioria dos membros, incluindo a Alemanha ou Portugal (que apenas tem prevista esta meta para 2030), ainda está aquém desse valor de referência.
Já depois da invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022, o compromisso foi renovado no ano passado na Cimeira da Aliança Atlântica em Vílnius.
Segundo o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, 18 dos países da Aliança (atualmente são 32 após a recente entrada da Suécia) deverão cumprir este objetivo este ano.
A Polónia, vizinha da Rússia e da Ucrânia, no entanto, gasta agora quase 4% do seu PIB em defesa, tornando-a no Estado-membro com mais despesa neste setor em termos percentuais à medida que moderniza as suas Forças Armadas, enquanto os Estados Unidos também se colocam acima do patamar dos 3%.
Duda disse que este quadro coloca os Estados Unidos e a Polónia em posição de “liderar pelo exemplo e servir de inspiração para os outros”. “A Federação Russa mudou a sua economia para o estado de guerra. Está a alocar cerca de 30% do seu orçamento anual para se armar”, argumentou Duda.
“Este número e outros dados provenientes da Rússia são alarmantes. O regime de [Presidente russo] Vladimir Putin representa a maior ameaça à paz global desde o fim da Guerra Fria”, defendeu.
Estas declarações surgem um mês depois de o previsível (e favorito) candidato republicano às presidenciais norte-americanas de novembro, Donald Trump, ter afirmado que encorajaria a Rússia a fazer o que entendesse com países com dívidas à NATO.
Após a sua visita aos Estados Unidos, Duda visitará Bruxelas para uma reunião com o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, que deverá abandonar o cargo na próxima cimeira da organização, em julho em Washington.
Ao fim de mais de dois anos da guerra na Ucrânia, o Exército ucraniano enfrenta falta de armamento e de munições para conter os avanços russos, levando vários países europeus a subir as suas perspetivas de gastos em defesa e indústria de armamento, não só para abastecer Kiev como para reforçar as suas forças armadas num quadro de aumento de instabilidade política e de segurança.
Os Estados Unidos, por seu lado, têm bloqueado para aprovação no Congresso um pacote de ajuda militar de mais de 50 mil milhões de euros, devido à oposição da ala radical republicana em ano eleitoral no país.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).