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O presidente demissionário do Governo da Madeira (PSD/CDS-PP), Miguel Albuquerque, disse esta sexta-feira que as eleições de domingo criaram uma “realidade de difícil manutenção da estabilidade” governativa e sublinhou que, agora, o Chega é um “ator imprescindível no quadro político”.
“Esta história do ‘cerco sanitário’ ao Chega, que foi estabelecido pela esquerda, sobretudo pelo Partido Socialista, serviu de uma forma perfeita para garantir o crescimento exponencial do Chega”, afirmou.
Miguel Albuquerque, também líder do PSD/Madeira, falava à margem de uma visita à obra de construção de uma estrutura residencial para idosos, com 44 quartos, no Funchal, promovida pela Associação de Socorros Mútuos 4 de Setembro de 1862, ao abrigo do Programa de Recuperação e Resiliência.
“Hoje o Chega é a terceira força política do país e, neste momento, é um ator imprescindível no quadro político. Nós não podemos ignorar a realidade”, disse, para logo reforçar: “A pior coisa que podemos fazer é não ter realismo na análise dos movimentos políticos e da mudança que houve na sociedade portuguesa.”
O social-democrata, que se demitiu do cargo de presidente do Governo Regional na sequência do processo que investiga suspeitas de corrupção no arquipélago, no qual foi constituído arguido, considerou, no entanto, que o líder da estrutura nacional do seu partido deve manter a posição assumida antes das eleições em relação ao Chega.
“Aquilo que foi dito pelo Luís Montenegro é que não havia acordos com o Chega. Ele vai manter a sua palavra. E, se ele disse isso, é bom que cumpra”, afirmou.
O chefe demissionário do executivo madeirense defendeu que o PSD, na qualidade de partido mais votado nas legislativas nacionais, deve apresentar uma solução de Governo ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, mas alertou que “a estabilidade não depende só do Luís Montenegro”.
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“Vai depender de um conjunto de parceiros e do diálogo que possa ser estabelecido com os outros partidos políticos”, disse, sublinhando que “o resultado das eleições é uma realidade de difícil manutenção da estabilidade”.
Miguel Albuquerque avisou também que a situação nacional é de “grande instabilidade” em alguns setores da sociedade, como por exemplo ao nível dos professores e das forças de segurança.
“Há que garantir essa estabilidade. Não só uma estabilidade parlamentar, mas também com alguns setores da sociedade que estão há espera que o diálogo seja concretizado e que haja pacificação na sociedade portuguesa”, disse.
A Aliança Democrática (AD), que junta PSD, CDS-PP e PPM, obteve uma vitória tangencial, com 29,5% e 79 deputados, mais dois do que o PS, nas eleições legislativas de domingo, em que o Chega quadruplicou o número de deputados face a 2022.
O partido de extrema-direita passou de 12 para 48 parlamentares e, com mais de um milhão de votos, o presidente, André Ventura, falou num “resultado histórico” e insistiu em integrar uma solução de governo, recusado uma vez mais pelo líder do PSD.
Luís Montenegro já disse que espera ser indigitado primeiro-ministro e, sem entrar em pormenores, reiterou que não fará entendimentos com o Chega, sem excluir este partido do diálogo com todas as forças políticas para executar o seu programa.
A IL, com oito lugares, o BE, com cinco, e o PAN, com um, mantiveram o número de deputados. O Livre passou de um para quatro eleitos, enquanto a CDU (PCP/PEV) perdeu dois lugares e ficou com quatro deputados.
Estão ainda por apurar os quatro deputados pela emigração, o que acontece no dia 20 de março. Só depois dessa data, e de ouvir os partidos com representação parlamentar, o Presidente da República indigitará o novo primeiro-ministro.
Na Madeira, a coligação PSD/CDS-PP venceu as legislativas nacionais com um total de 52.992 votos (35,38%) e manteve três deputados na Assembleia da República.
O PS ficou em segundo lugar (19,84%, 29.723 votos) e perdeu um dos três representantes que tinha em São Bento. O Chega foi a terceira força política mais votada na região (17,56 %, 26.296 votos) e elegeu um deputado.