A agência Fitch manteve inalterado o rating da dívida portuguesa, nesta sexta-feira, reiterando também a perspetiva “estável”. A notação está desde setembro do ano passado no nível ‘A-‘, tendo sido promovida nessa altura para o nível dos “A” pela primeira vez desde a crise financeira. A “incerteza” política é referida como o principal elemento de incerteza que evitou uma possível melhoria, pelo menos, da “perspetiva”, que continuou em “estável” e não subiu para “positiva”.
Apesar de a Fitch reconhecer a melhoria em vários indicadores económicos, a agência terá preferido não mexer na notação porque sublinha que o resultado das últimas eleições gera “incerteza”. “As dinâmicas difíceis entre possíveis parceiros de coligação podem resultar num período de incerteza política, com um arrastar das negociações e a possibilidade de novas eleições – ou, então, um governo minoritários que depende do apoio da oposição”, afirma a Fitch, em comunicado.
“Ainda assim”, diz a agência, “com base no consenso político que existe em relação a políticas orçamentais prudentes, o nosso cenário central é que esta situação não irá traduzir-se num desaperto orçamental significativo”.
Portugal registou um excedente orçamental estimado de 1,3% do PIB em 2023, 0,8 pontos percentuais acima da nossa previsão feita em setembro de 2023. Isto compara favoravelmente com a atual mediana dos países com rating A, que é de 3,2% de défice orçamental. E é, também, uma melhoria em relação ao défice de 0,3% do PIB em 2022. Prevemos a continuação deste desempenho orçamental, com excedentes orçamentais de 0,2% do PIB em 2024 e 2025, embora a incerteza política decorrente das eleições dê origem a riscos negativos”.
Por outro lado, a Fitch também assinala que embora a “dívida bruta das administrações públicas diminuiu para pouco menos de 100% do PIB no final de 2023, face a 135% no final de 2020, uma das maiores quedas entre pares de classificação”, a dívida de Portugal ainda está muito acima daquilo que é o endividamento médio dos países que têm rating nos níveis A (cuja mediana está nos 52% do PIB).
Por outro lado, Portugal consegue estar nesse grupo das melhores notações de crédito porque a Fitch considera que o País tem uma robustez das instituições que é garantida pela pertença à UE e à zona euro. Além disso, há um “historial de disciplina orçamental, que conduziu a um processo de redução da dívida na sequência da crise da dívida soberana da zona euro”.
A mesma promoção para o grupo dos A foi feita no início de março pela Standard & Poor’s, quando esta agência também subiu a notação de Portugal de BBB+ para A-.
Entre as outras agências que determinam a qualidade de crédito de Portugal a Moody’s, que atribui ao ‘rating’ de Portugal ‘A3’, com perspetiva estável, será a próxima agência a pronunciar-se, encerrando o ciclo de avaliações do primeiro semestre em 17 de maio. Já a DBRS Morningstar avalia a dívida portuguesa em ‘A’, com perspetiva estável.
O ‘rating’ é uma avaliação atribuída pelas agências de notação financeira, com grande impacto para o financiamento dos países e das empresas, uma vez que avalia o risco de crédito.