Os quatro principais suspeitos de serem responsáveis pelo atentado que provocou 137 mortos em Moscovo foram acusados de “terrorismo” numa audiência no domingo à noite. O tribunal determinou que vão ficar em custódia até 22 de maio e podem vir a ser condenados a prisão perpétua.
Os homens, todos originários do Tajiquistão e a residir na Rússia, foram identificados como Saidakrami Murodali Rachabalizoda, Dalerdzhon Barotovich Mirzoyev, Shamsidin Fariduni e Muhammadsobir Fayzov. No domingo, foram trazidos separadamente à sala de audiências, apresentando vários ferimentos no rosto, o que levantou sugestões de que poderiam ter sido torturados pelas autoridades russas.
O pouco que se sabe sobre os quatro homens foi conhecido durante a audiência de domingo. Dalerdzhon Barotovich Mirzoyev, de 32 anos, foi o primeiro a comparecer. Pai de três crianças, tinha uma autorização de residência temporária na cidade russa de Novosibirsk, na Sibéria. No entanto, segundo noticiou a agência estatal TASS, a declaração expirou há três meses e o homem permanecia no país ilegalmente. De momento não tinha um trabalho permanente.
Durante a audiência, Mirzoyev, que falou através de um intérprete, declarou-se culpado. Saidakrami Murodali Rachabalizoda, de 30 anos, também o fez. Na sessão, o homem apareceu com parte do lado direito do rosto coberto por uma ligadura ensanguentada. A Associated Press relata que os meios de comunicação social russos noticiaram que a sua orelha teria sido cortada durante o interrogatório, mas não conseguiu verificar os relatos nem os vídeos divulgados do momento.
Durante a sessão, Rachabalizoda garantiu ter documentos que lhe permitiam permanecer no país legalmente, mas alegou que não se lembrava onde os guardou. Segundo a imprensa russa, é casado e tem um filho.
O terceiro homem acusado de terrorismo é Shamsidin Fariduni e nasceu no Tajiquistão em 1998. A agência russa Ria Novosti noticiou, citada pela CNN, que o homem é casado e tem um filho de oito meses. Estava a trabalhar numa fábrica de produção de parquet na cidade de Podolsk, mas registado na cidade de Krasnogorsk.
O último dos quatro principais detidos a comparecer em tribunal foi Muhammadsobir Fayzov, que nas imagens divulgadas da audiência surge numa cadeira de rodas e terá sido acompanhado por um médico. Tem 19 anos e estava de momento desempregado. Chegou a trabalhar numa barbearia em Ivanovo, uma cidade a norte de Moscovo.
O atentado na sala de espetáculos Crocus City Hall, onde centenas de russos se juntaram para um concerto da banda rock Picnic, continua a ser investigado pelas autoridades russas. Foi reivindicado na sexta-feira pelo ISIS-K, uma célula do Estado Islâmico.
Até ao momento, as forças de segurança detiveram 11 pessoas, mas apenas os quatro homens presentes em tribunal no domingo terão participado pessoalmente no atentado. Outros quatro suspeitos já foram também ouvidos e são acusados de auxílio e cumplicidade com o ataque.
De acordo com o The Moscow Times, entre esses quatro suspeitos estão o antigo proprietário do carro utilizado para a fuga do local do ataque, bem como o seu pai e o seu irmão. O outro suspeito é Alisher Kasimov, nascido no Quirguistão e com nacionalidade russa, que foi esta terça-feira ouvido em tribunal e que ficará preventivamente sob custódia policial até 22 de maio.
Alisher Kasimov, de 32 anos, é acusado de ter acolhido os quatro principais suspeitos, uma vez que lhes alugou um apartamento na região de Moscovo. Perante o tribunal, o suspeito disse que não tinha conhecimento das motivações dos alegados atiradores para o ataque.
O Presidente russo, Vladimir Putin, descreveu o ataque como um “ato terrorista e bárbaro” e foi o primeiro a anunciar a captura dos quatro homens, que teriam tentado escapar para a Ucrânia. Até agora, nem Putin nem os investigadores russos mencionaram o Estado Islâmico no seu discurso sobre o ataque, com Kiev e vários dos seus aliados a acusar o país de tentar ligar a Ucrânia ao caso.
Notícia atualizada dia 26/03 às 12h41 com a indicação de que quatro outros suspeitos já foram ouvidos